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Alta da Selic é coerente com ajuste fiscal, dizem especialistas

Para economistas, aperto monetário aliado a medidas de ajuste fiscal reforçam mudanças na política econômica. Expectativa é de alta de até 0,5 p.p. na Selic

Por Luís Lima 21 jan 2015, 07h12

A esperada alta de 0,5 ponto porcentual (p.p.) na taxa básica de juros (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), nesta quarta-feira, é coerente com as medidas de ajuste fiscal implementadas recentemente pelo governo, avaliam especialistas consultados pelo site de VEJA. “Dentro da atual política econômica, este aumento tem uma certa coerência, já que há um consenso em torno do desgaste do estímulo ao crescimento econômico baseado no consumo”, disse Roberto Piscitelli, professor de finanças públicas da UnB. Assim como ele, a maioria dos analistas consultados pelo Banco Central (BC) no último relatório Focus projetam que a Selic passe dos atuais 11,75% ao ano para 12,25% ao ano, após a reunião desta quata-feira.

Se confirmado, o aumento dos juros será uma reação à aceleração de preços ao consumidor. Em 2014, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, fechou o acumulado do ano em 6,41%, muito perto do teto da meta estabelecida pelo governo, de 6,5%. O índice ficou bem distante do centro da meta, de 4,5%, e este ano promete ser ainda mais difícil. Isso porque o pacote de aumento de impostos anunciado na noite de segunda-feira pelo governo piorou ainda mais as expectativas de inflação para este ano, com projeções acima de 7%, cada vez mais longe do teto da meta oficial.

A equipe do banco Brasil Plural aposta em uma elevação de 0,5 p.p. nesta reunião, o que deixaria a porta aberta para uma nova alta de 0,25 p.p. ou 0,5 p.p. na reunião seguinte, em março. Segundo o banco, apesar da recente queda acentuada nos preços do petróleo e da avaliação geral de que a recuperação da economia global pode estar ameaçada, seria difícil o Copom não elevar a Selic em 0,5 p.p. na reunião desta semana, devido à linguagem dura usada em documentos recentes. Mesmo assim, dizem os analistas, será interessante ver se e como o BC começa a incluir essa mudança no cenário global nas suas deliberações, assim como o considerável aperto fiscal que tem sido promovido pelo governo.

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Na segunda-feira, o governo anunciou um pacote de medidas fiscais que inclui a retomada da cobrança da Cide, o imposto sobre combustíveis; a elevação de 9,25% para 11,75% da alíquota do PIS/Cofins para produtos importados; a equiparação do atacadista ao industrial para a cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre setor de cosméticos e o aumento da faixa para operações de crédito (IOF) de 1,5% para 3%. A intenção é provocar uma economia de R$ 20,36 bilhões aos cofres públicos.

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O professor de economia do Insper João Luiz Mascolo avaliou que a estratégia do atual governo é dar, como primeiro passo, um choque de credibilidade. “A atual equipe econômica quer mostrar que as politicas fiscal e monetária estão no rumo correto. Depois, o investimento deve reagir e, com isso, gerar renda, aquecendo novamente o consumo”, afirmou.

Segundo Mascolo, futuras quedas da Selic só devem acontecer em 2016, quando o nível de investimento do país atingir o patamar de 19% do Produto Interno Bruto (PIB). “O maior esforço neste momento será fiscal, que deve ser coordenado à política monetária”, afirma Rodrigo Zeidan, professor de economia da Fundação Dom Cabral. “Atualmente, a crença com o ajuste (fiscal) é bem maior. Há uma sensação de mudança na direção da política econômica”, acrescenta.

A projeção de Selic a 12,25%, no entanto, não é consenso entre os analistas. Antônio Corrêa Lacerda, professor de economia da PUC-SP, é da corrente dos que acreditam em uma elevação menor, de 0,25 p.p. “Novas elevações da Selic teriam mais efeito maléfico do que benéfico para a economia, como o encarecimento do crédito e a elevação de custos do financiamento da divida publica, por exemplo”, afirmou.

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O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, concorda. “A atividade econômica já está em queda. A indústria está desacelerando fortemente e os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) confirmam uma criação de emprego menor que levará à um aumento do desemprego”, afirmou, em relatório.

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