BERLIM/FRANKFURT (Reuters) – A chanceler e o presidente do banco central da Alemanha pediram que a Europa mantenha-se no rumo de uma disciplina fiscal mais dura e esqueça soluções imediatistas, após os mercados financeiros julgarem que a cúpula da União Europeia (UE) falhou em resolver a crise de dívida da zona do euro.
Angela Merkel e o chefe do Bundesbank, Jens Weidmann, falando separadamente, rejeitaram a pressão para que o Banco Central Europeu (BCE) intervenha decisivamente para impedir a escalada da crise.
Merkel disse ao Parlamento nesta quarta-feira que levará anos, e não semanas, para superar os problemas de dívida, mas que a Europa sairá mais forte “se tivermos a paciência e a persistência necessárias, se não deixarmos os reveses nos deprimir, se consistentemente caminharmos na direção de uma união fiscal estável”.
“O governo alemão sempre deixou claro que a crise de dívida europeia não deve ser resolvida de um golpe só. Não existe um golpe só”, disse ela.
Weidmann, uma voz influente no BCE, expressou oposição à elevação das compras de dívida de Estados altamente endividados do euro, dizendo “não ser fã” do programa atual de compra de bônus e que até seus defensores estão ficando céticos.
Ele também disse que o Bundesbank só fornecerá novo capital ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar a combater a crise da zona do euro se os países fora da Europa também o fizerem.
O euro caiu abaixo de 1,30 dólar pela primeira vez desde janeiro, as ações operavam em baixa e a Itália teve de pagar um juro recorde para vender títulos, com investidores nervosos aguardando possíveis rebaixamentos de ratings no bloco monetário europeu.
A ministra do Exterior da Irlanda, Lucinda Creighton, disse não ser suficiente o acordo firmado na semana passada por 26 países da UE, exceto a Grã-Bretanha.
“Ter o impacto fiscal implementado até março é desejável, mas eu não acho que isso irá salvar o euro”, disse ela a jornalistas durante visita a Paris.
“Idealmente, (eu gostaria de ver) uma declaração muito clara do BCE de que ele esteja preparado para fazer o que for necessário para salvar a moeda, e ele é o amparo final”, disse Creighton.
(Por Noah Barkin e Paul Carrel; Reportagem adicional de Gilbert Kreijger em Amsterdã, Sakari Suoninen em Frankfurt, Valentina Za em Milão, Erik Kirschbaum em Berlim)