Alemanha rebate críticas sobre atuação do BCE
Governo alemão destaca que a autoridade monetária europeia atua no âmbito de seu mandato e que dívidas dos estados não serão financiadas
A chanceler alemã Angela Merkel considera que o Banco Central Europeu (BCE) atua no âmbito de seu mandato, declarou nesta sexta-feira seu porta-voz, Steffen Seibert, indagado sobre os anúncios feitos na véspera pela instituição. “O BCE intervém de forma independente no âmbito de seu mandato”, assegurou em coletiva de imprensa, num momento em que jornalistas alemães mostram-se criticos em relação ao novo plano de compra de dívida dos Estados anunciado pelo BCE nesta quinta-feira. Este tipo de ação da autoridade monetária europeia tem a oposição do banco central alemão, que, por diversas vezes, manifestou-se sobre esse assunto.
O ministro das Finanças, Wolfgang Schauble, assegurou nesta sexta, por outro lado, que o BCE não se lançou a financiar a dívida dos Estados. “Não é o princípio de um financiamento monetário da dívida pública”, declarou Schauble, que criticou a imprensa alemã. Segundo ele, ela está “muito nervosa” ao criticar o BCE.
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta compras ilimitadas de bônus da dívida soberana com vencimentos entre um e três anos de países da zona do euro que fizerem essa solicitação, sob estritas condições, para enfrentar uma crise que paralisa a região e preocupa o mundo todo.
Mercados – A medida, anunciada pelo presidente da instituição, Mario Draghi, foi recebida com fortes altas nas bolsas e com uma redução das taxas através das quais são negociadas as dívidas dos países mais golpeados pela crise, como Espanha e Itália.
No fechamento dos mercados europeus nesta quinta-feira, Madri terminou com forte alta, de 4,91%, e Milão registrou ganho de 4,31%. Londres subiu 2,11% com relação ao fechamento da véspera, Paris avançou 3,06% e Frankfurt subiu 2,91%.
Nesta sexta-feira, no mercado da dívida, as taxas dos bônus espanhóis a dez anos caíam a 6,030% às 16:00 GMT (contra 6,409% no fechamento) e as de Itália estavam a 5,261% (contra 5,514%).
A iniciativa visa precisamente o combate ao forte diferencial entre as taxas exigidas pelos mercados a esses países e as pagas por aqueles que ostentam economias mais sólidas, como Alemanha.
O programa de compra de dívida, batizado “Outright Monetary Transactions” (OMT, Transações Monetárias Diretas), foi lançado devido às “perturbações graves observadas no mercado da dívida pública que provêm de temores infundados por parte dos investidores sobre a reversibilidade do euro”, disse Draghi.
Espanha – A Espanha quer conhecer as condições a que terá de se submeter antes de pedir um resgate, assinalou nesta sexta-feira o chanceler espanhol José Manuel García Margallo, que pediu que as medidas anunciadas pelo BCE sejam colocadas em prática com rapidez. “É preciso saber as condições, analisá-las e decidiremos , afirmou em Pafos, um balneário exclusivo no Chipre, onde está reunido com seus pares da União Europeia. “O fato de que apenas algumas palavras devolveram a calma demonstra que é isso que é preciso fazer, que só faltava coragem e decisão política”, acrescentou.
(com Agence France-Presse)