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Ação do BCE reforça tendência de alta do real ante o dólar

Analistas apontam que a trajetória da moeda brasileira, apesar da queda pontual desta quarta-feira, é de apreciação

Por Da Redação
29 fev 2012, 19h16

O anúncio desta quarta-feira do segundo leilão de refinanciamento do Banco Central Europeu (BCE) – que emprestará 529,53 bilhões de euros a 800 instituições financeiras europeis – confirma a expectativa de que as moedas dos países emergentes, como o real, prosseguirão sua trajetória de valorização. A principal explicação, segundo economistas, é que esse volume de recursos deve provocar nova expansão da liquidez internacional. Com mais dinheiro nas carteiras, investidores de todo o mundo tendem a olhar com maior interesse as nações em desenvolvimento. Além de oferecerem projeções mais favoráveis de crescimento do PIB, estes países já não são percebidos como tão arriscados e possuem taxas de juros mais elevadas. O Brasil, com uma taxa de juro básica que deve fechar o ano em 9,5%, é candidato natural a receber recursos.

O movimento de busca dos investidores por moedas com potencial de ganho maior já foi verificado em dezembro, quando o BCE fez o primeiro leilão de refinanciamento, ofertando 489,19 bilhões de euros para 523 bancos. “A reação inicial foi negativa porque o número de bancos que recorreu ao leilão foi grande, mas logo em seguida prevaleceu a leitura de que mais dinheiro deve aumentar a procura pelos países emergentes com as características do Brasil”, disse gerente de operações do Banco Indusval, Alberto Félix de Oliveira Neto.

O economista Juan Jensen, da consultoria Tendências, explica que a primeira intervenção do BCE, no final do ano, serviu para mudar a percepção dos investidores quanto ao cenário europeu. A operação bem-sucedida afastou o temor de que alguns países, sobretudo a Itália, tivessem dificuldade para rolar suas dívidas soberanas. Logo, além da injeção bilionária de recursos no mercado, a ação também permitiu com que todos ficassem menos inseguros com o futuro – algo que, no jargão do mercado, é tratado com ‘menor aversão ao risco’. A nova ação do BCE desta terça-feira só reforça essa tendência; “Esse leilão, aliado à expectativa de menor risco, significa, em bom português, mais dinheiro no mercado mundial – e parte desse dinheiro será investido no país”, declarou.

Nos mercados europeu e americano, por outro lado, as taxas de juros estão perto de zero – num cenário, aliás, que não deve ser revertido tão cedo. O Banco Central dos Estados Unidos (Fed) já declarou que as taxas seguirão reduzidas pelo menos até o final de 2014 numa tentativa de estimular a recuperação da atividade no país. Diante disso, os investidores devem seguir em busca de rentabilidade mundo afora. O Brasil contará, neste ano, também com o reforço da balança comercial, que, apesar de ter iniciado 2011 deficitária, deve chegar em 31 de dezembro com um superávit de 25 bilhões de dólares, conforme projeção da Tendências.

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Curto prazo – No meio da manhã e ao longo de toda a tarde, a cotação da moeda americana em reais mostrou comportamento oposto ao dos últimos dias. Desta maneira, em vez de cair, a divisa fechou o pregão desta quarta-feira com alta de 0,82%, para 1,7160 real. A principal explicação para este movimento foi o fato de o Banco Central ter realizado duas intervenções no mercado – em uma estratégia, aliás, repetida ao longo de seis dias consecutivos.

Os operadores de câmbio já não disfarçam o temor de que ocorra forte intervenção neste mercado. É que tanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, como o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmaram, diversas vezes, que um patamar inferior a 1,70 real é ruim para a economia brasileira. Eles têm dito, inclusive, que possuem outras armas para conter a valorização da moeda brasileira. Os economistas, contudo, não creem na eficácia destas medidas se nada muito heterodoxo – como uma taxação dos investimentos estrangeiros diretos (IED) – for anunciado. A explicação é que o poder de fogo do governo, ainda que não seja desprezível, é pequeno ante a movimentação global dos fluxos financeiros que determinam os valores das moedas.

(com Agência Estado)

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