A visão do investidor sobre o novo indicado de Bolsonaro para a Petrobras
Escolha de José Mauro Ferreira Coelho, ex-secretário do Ministério de Minas e Energia, é vista como positiva por se tratar de um nome técnico
Depois de dez dias de indefinição ao cargo da presidência da Petrobras, envolvendo a demissão do general Joaquim Silva e Luna e a desistência de Adriano Pires, os ânimos do mercado foram acalmados com o nome de José Mauro Ferreira Coelho, ex-secretário do Ministério de Minas e Energia.
O indicado pelo presidente Jair Bolsonaro é visto com otimismo pelo mercado. Ele acumula um currículo extenso no setor. Antes de atuar como secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, passou 13 anos na Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal vinculada à pasta do governo, na qual ocupou a direção por quatro anos. As ações da Petrobras também estão reagindo bem ao novo nome. Os papéis da estatal abriram com alta nesta terça-feira, 7, e estão negociando com alta de 3%.
A nomeação é vista agora como uma escolha mais técnica e menos política. Embora a indicação anterior do economista Adriano Pires também agradasse o mercado, o nome do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, para presidir o conselho de administração da estatal não bem quisto e explanava uma manobra política. Em entrevista exclusiva para Veja, o general Luna e Silva revelou que Landim havia pedido um cargo de direção ou de conselho em setembro do ano passado, pois tinha uma solução para baixar os preços dos combustíveis. O novo indicado para presidir o conselho é Márcio Andrade Weber, que já é membro do conselho da estatal.
“O mercado está reagindo bem e entende a indicação como um sinal de boa gestão para os próximos meses”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. Mas, ele alerta que os investidores precisam se atentar para a gestão da empresa no longo prazo. “Se o investidor está interessado em ter a Petrobras no portfólio, ele não pode pensar nessa nomeação como definitiva, ele precisa avaliar o resultado das eleições. Caso tenhamos mudanças, provavelmente, esse nome vai ser trocado novamente”, pontua.
Segundo analistas de mercado entrevistados por VEJA, a nova indicação de Bolsonaro também é uma estratégia política para ganhar o eleitorado, fazendo frente à sua briga com Lula, que vem dando sinais incisivos de interesse em interferir na política de preços da Petrobras. “Com os novos indicados, o governo está tentando passar a mensagem de que vai interferir politicamente o mínimo possível na estatal, diferentemente do seu principal oponente”, diz Davi Lelis, especialista da Valor Investimentos.
As casas de análise Zahl Investimentos, Golden Investimentos, Ativa Investimentos e os braços de investimentos dos bancos Itaú BBA, Bradesco BBI e o gigante Morgan Stanley também avaliam positivamente as indicações dos novos nomes para o comando da Petrobras, reforçando a expectativa de manutenção na atual política de preços da estatal.