O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu nesta quinta-feira, 19, que uma eventual vitória do candidato Javier Milei nas eleições da Argentina, marcadas para o próximo domingo, 22, preocupa o governo brasileiro. “É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. Preocuparia qualquer um”, disse Haddad em entrevista à Reuters.
A Argentina é um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Em entrevistas, Milei admitiu que pretende limitar o comércio, chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “comunista raivoso” e “socialista com vocação totalitária” e flertou com a ideia de abandonar o Mercosul. O presidente argentino, Alberto Fernández, é amigo pessoal de Lula. Em crise econômica, a Argentina buscou ajuda do Brasil para destravar linhas de financiamento de importações, mas o acordo não foi para a frente. Em caso de vitória de Milei, o acordo dificilmente não estaria enterrado.
A disputa se dará entre três candidatos, sendo que a conservadora Patricia Bullrich ficou apagada na campanha. Os dois cabeças de lança são o ultraliberal de extrema direita Javier Milei e o ministro da Economia peronista, Sergio Massa. A inflação no país atingiu o nível de 138% ao ano em setembro e tem previsão de continuar a trajetória de alta, com os preços disparando 12% nos dois últimos meses. O banco JP Morgan estima que a inflação de 2023 vai fechar em 210%, enquanto uma pesquisa do Banco Central prevê 180%.