A marca global que quer continuar lucrando na Rússia em meio à guerra
A japonesa Uniqlo, uma das maiores redes de fast fashion do mundo, não adere ao êxodo das multinacionais; 'roupa é necessidade', diz chefe da empresa
A japonesa Fast Retailing, maior varejista da Ásia e controladora da rede de fast fashion Uniqlo, continuará a operar na Rússia, mesmo com a pressão internacional e a onda de saída de empresas para isolar o país de Valdimir Putin após a invasão da Ucrânia.
“A roupa é uma necessidade da vida. O povo da Rússia tem o mesmo direito de viver que nós”, disse o presidente-executivo da empresa, Tadashi Yanai, em um e-mail ao qual o jornal Nikkei teve acesso. Assim, as 50 lojas da Uniqlo espalhadas pela Rússia continuarão operando. As concorrentes H&M, Zara, Asos e Boohoo anunciaram na semana passada a suspensão de vendas no país. O mesmo ocorre com marcas esportivas como Nike e Puma, além das de luxo como Burberry e LVMH.
Yanai disse que questiona uma tendência que pressiona as empresas a fazerem escolhas políticas. Em abril do ano passado, ele se recusou a comentar questões sobre o fornecimento de algodão da região chinesa de Xinjiang e disse que não ficaria em meio à disputa política entre americanos e chineses. Na ocasião, várias marcas de moda, como a Nike, afirmaram que não usariam o algodão da região. O comunicado ocorreu um mês antes dos EUA bloquearem um carregamento de camisas da Uniqlo por preocupações com trabalho forçado. A empresa também enfrenta uma investigação francesa ao lado de várias marcas de moda.
Além da Rússia, a empresa opera em outros dezessete países e tem presença em quatro continentes, exceto a África. Também não há pontos de venda da marca nos países da América Latina.