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A influência da gasolina na deflação recorde de julho

Preços recuaram 15% no mês e aceleram a queda do IPCA, já que o peso dos transportes é o maior da cesta

Por Larissa Quintino Atualizado em 10 ago 2022, 01h59 - Publicado em 9 ago 2022, 10h51

Deflação é o termo usado pelos economistas para definir o efeito contrário da inflação: quando os preços caem. Apesar de em maio e junho o país já ter registrado uma desaceleração da inflação, a variação ainda era no campo positivo, isto é, os preços estavam subindo, mas estavam subindo menos. O IPCA de julho trouxe a primeira deflação em 26 meses, ainda na primeira onda da Covid-19, e um recorde desde o início do Plano Real, em 1994, e na série histórica, desde 1980. A deflação veio com o peso da queda da gasolina e do setor de transportes, que ficou mais barato desde que os preços cederam.

A gasolina caiu 15% no mês, puxando os transportes 4,5% para baixo e acelerando a queda. “Os dados da inflação tiveram pontos positivos além dos administrados, como a difusão cair para 62% e os serviços desacelerar. Pensando mais para frente é ver os efeitos secundários dessa queda dos combustíveis, onde eles vão chegar. No primeiro momento, o consumidor sente o preço na bomba mais barato, mas é acompanhar se o frete vai ficar mais barato nos próximos meses, no transporte de alimentos, se isso fará que outros itens do IPCA caiam nos próximos meses”, analisa Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. A expectativa ocorre porque, ao contrário da deflação no índice geral e dos transportes, os alimentos — que têm o segundo maior preço — registraram inflação e ficaram mais caros em relação ao período anterior: de 0,8% para 1,30% neste mês.

Segundo André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas, a opção pela redução focada em gasolina e energia — o que aconteceu como consequência do projeto de lei que fixou um teto do ICMS sobre esses produtos — é uma estratégia efetiva para registrar um resultado mais rápido no recuo do IPCA. porém, a percepção da queda dos preços fica limitada à parcela mais rica da sociedade. “O mais pobre não consome gasolina e energia a nível da queda do imposto gerar o benefício. Como o gasto dessas famílias é majoritariamente em alimentação, elas não sentem essa trajetória. Ela vai no mercado, vê que o preço do alimento está absurdo e não vai falar que tem essa de inflação mais baixa. E essa pessoa não está equivocada. Para ela realmente não está mais baixo”, diz. 

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Em julho, o maior peso no setor de alimentação foi novamente sobre o preço do leite e seus derivados, sentido bastante na cesta das famílias. Entre os 20 itens que ficaram mais caros está o diesel, que subiu cerca de 4% no mês, ainda sem o efeito da redução no valor do litro nas refinarias, que foi reduzido na semana passada. O preço do diesel, apesar de ter pouco peso em si no indicador, tem uma capacidade de difusão maior porque o valor do frete é embutido nos alimentos. A ver se essa redução nas refinarias chega aos caminhoneiros e ajuda a desacelerar ainda mais a inflação no próximo mês.

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