A herança nociva da Lava-Jato segundo Guido Mantega
Ex-ministro das gestões petistas avalia que força-tarefa imobilizou investimentos e operações econômicas no país
Ex-ministro da Fazenda dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, Guido Mantega tem uma leitura própria a respeito dos impactos que considera nocivos ao país da Operação Lava-Jato. Segundo Mantega, a oposição aproveitou as acusações contra expoentes petistas para capitalizar-se politicamente. “Com o julgamento do Mensalão, em 2012, se inicia uma campanha udenista, de combate à corrupção. A oposição adora fustigar o governo com esse tema, porque é uma pecha que pega. Embora nem Lula nem Dilma tivessem envolvimento com esses escândalos do Mensalão, alguns membros do PT foram atingidos e se iniciou uma campanha para enfraquecer o governo”, diz ele.
Segundo Mantega, em entrevista a VEJA, durante a operação, os principais envolvidos nos escândalos, como os principais diretores da Petrobras, já haviam deixado seus postos — mas a força-tarefa maculou a atuação das empresas. “Os corruptos da Petrobras já estavam fora durante a Lava-Jato. Investigava-se o telefone dos funcionários, mas os corruptos já tinham ido embora em 2012”, diz. “Os diretores da Petrobras tinham medo de assinar as planilhas de pagamento, com as empresas sob suspeita. Diziam: ‘Eu não vou assinar, porque vou me comprometer’”, afirma.
O economista também entende que as investidas contra empresas privadas inviabilizaram os investimentos e deixaram o setor privado temeroso em realizar negocioso com o poder público. “Quando começaram a investigar as empresas privadas, como se sentiu o empresariado? Claro que o setor privado não vai investir ou tratar com a Petrobras. Inviabilizou-se todo o setor de construção, e a Lava-Jato, embora tivesse uma missão correta — o combate à corrupção —, virou uma operação equivocada, porque imobilizou as empresas”, afirma. “Em vez de processar e prender os responsáveis e salvaguardar as companhias, a operação paralisou o país”.