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A conta criada por Bolsonaro que está deixando o mercado de mau humor

A PEC das Bondades já está sendo precificada com elevações na curva de juros e na valorização do dólar

Por Luana Zanobia
Atualizado em 6 jul 2022, 16h38 - Publicado em 6 jul 2022, 14h38

Como se não bastasse o momento de inflação global e as incertezas com a Covid-19 e a guerra no Leste Europeu, a criação de novos gastos pelo governo Bolsonaro está deixando o mercado financeiro muito irritado. A nova versão da PEC das Bondades, que reconhece o estado de emergência no país e amplia os benefícios sociais, aumenta o risco fiscal e pode acabar deflagrando em inflação e juros altos por mais tempo.

A curva de juros reflete tanto a política monetária, no que se refere às expectativas do mercado na condução da taxa básica de juros, quanto o risco fiscal. Segundo Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, os prazos mais curtos estão mais correlacionados com a política monetária, enquanto as de longo prazo refletem mais a política fiscal do país. Em ambos, a precificação das curvas não aponta para bons caminhos.

As taxas do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) estão subindo. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 estão em 13,6%, e os de janeiro de 2029 em 13,04%. Os juros estão sendo precificados na faixa de 12% e 13% ao longo dos próximos quinze anos, o problema é que com a piora fiscal esse patamar tem se elevado. Há um mês atrás a curva de juros estava sendo precificada abaixo de 13,50%, mas as expectativas do mercado estão levando a curva para próximo de 14%.

Junto com os juros, o dólar também voltou a escalar. A alta da moeda americana reflete o aumento dos riscos fiscais no Brasil e também o cenário internacional, que vem precificando recessão em alguns países com a política contracionista de elevações nos juros pelo mundo. Entre 167 países, 62,28% mantiveram os juros, 33,53% elevaram e 4,19% cortaram, segundo relatório da Infinity Asset Management.

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O pacote de bondades, que amplia para 600 reais o Auxílio Brasil, eleva o valor do vale-gás e cria um auxílio de 1 mil reais para caminhoneiros e outro para taxistas, vai custar 41,25 bilhões de reais, estourando novamente o teto de gastos, que já foi arrombado pela PEC dos Precatórios, de 2021. A medida populista surge a menos de quatro meses da eleição e funciona como um plano de socorro para alavancar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro em meio ao cenário de inflação crescente. Porém, a medida tem um potencial de contragolpe enorme na principal vilã de Bolsonaro: a inflação. Com injeção de capital na economia, a inflação pode ficar ainda mais pressionada e levar o Brasil para um cenário de juros altos mais longo e demorado que o esperado, e que já vem sendo precificado na curva de juros. O dólar em patamar elevado deve colocar ainda mais pressão em itens que ficaram infladas por conta da moeda americana, como os combustíveis, uma das principais brigas de Bolsonaro para controlar a escalada dos preços, que vem prejudicando a sua popularidade.

O cenário externo adverso e o recrudescimento dos riscos fiscais devem dificultar a tarefa do Banco Central de baixar os juros. “Apesar de a autoridade sinalizar estar próximo do fim do ciclo de aperto monetário, o ambiente internacional ainda está muito deteriorado e o processo inflacionário ainda está bastante incrustado”, diz Pasianotto, da Reag Investimentos. Com taxas de juros mais altas por um tempo prolongado, o país certamente terá dificuldades para impulsionar o crescimento. Essa bagunça fiscal criada por medidas populistas está estressando o mercado e deixa um gigantesco  prejuízo para a próxima gestão que, dependendo do resultado nas urnas, pode estourar no colo do próprio estimulador do problema.

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