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William Waack abre o jogo sobre caso que motivou saída da Globo

Jornalista quebra silêncio em artigo no qual garante que não é racista

Por Da redação
Atualizado em 15 jan 2018, 17h28 - Publicado em 14 jan 2018, 11h39

O ex-apresentador do Jornal da Globo William Waack escreveu um artigo para o jornal Folha de S. Paulo neste domingo, em que nega ser racista e pede desculpas pelo comentário que culminou em sua demissão da rede Globo, há quase um mês.

Waack começa o texto assumindo a culpa pela piada que vazou na internet. “Desculpem-me pela ofensa; não era minha intenção ofender qualquer pessoa, e aqui estendo sinceramente minha mão”, diz. Em seguida, ele ressalta que existe racismo no país e que comentários do tipo podem sim contribuir para tal problema, mas garante que o episódio infeliz em nada representa quem ele é.

“Durante toda a minha vida, combati intolerância de qualquer tipo —racial, inclusive—, e minha vida profissional e pessoal é prova eloquente disso. Autorizado por ela, faço aqui uso das palavras da jornalista Glória Maria, que foi bastante perseguida por intolerantes em redes sociais por ter dito em público: ‘Convivi com o William a vida inteira, e ele não é racista. Aquilo foi piada de português.’”, diz, antes de garantir que não listaria ali os muitos amigos negros que tem, pois não separa colegas por cor ou religião.

Sem citar diretamente a Globo, o jornalista alfinetou o canal e outros meios de comunicação ao afirmar que todos cedem à “gritaria de grupos organizados”. “Entender esse fenômeno parece estar além da capacidade de empresas da dita ‘mídia tradicional’. Julgam que ceder à gritaria dos grupos organizados ajuda a proteger a própria imagem institucional, ignorando que obtêm o resultado inverso (o interesse comercial inerente a essa preocupação me parece legítimo). Por falta de visão estratégica ou covardia, ou ambas, tornam-se reféns das redes mobilizadas, parte delas alinhada com o que “donos” de outras agendas políticas definem como ‘correto’.”

Ele ainda cita comentários de Luis Felipe Pondé e da presidente do  Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, que saíram em sua defesa.

Por fim, ele invoca sua obra e seus 48 anos de profissão como testemunhas de sua índole. “Admito, sim, que piadas podem ser a manifestação irrefletida de um histórico de discriminação e exclusão. Mas constitui um erro grave tomar um gracejo circunstanciado, ainda que infeliz, como expressão de um pensamento. Até porque não se poderia tomar um pensamento verdadeiramente racista como uma piada.”

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