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‘Velozes e Furiosos 5’ comprova: o Rio de Janeiro está longe de ser a Hollywood brasileira

Cidade perdeu para Porto Rico a oportunidade de ter produção e elenco gastando 'in loco' milhões de dólares por dois meses

Por Alessandro Manoel
5 nov 2010, 07h38

De tudo o que se gastou em Porto Rico, 40% voltou, em forma de incentivo, à produção. Já no Rio, apenas os tributos estaduais e municipais são deduzidos – já os federais, de tão altos, acabam afastando diretores e autores que se animam a filmar os Arcos da Lapa, o Corcovado e a orla carioca

Cinquenta pessoas, entre produção e elenco, estão no Rio de Janeiro para terminar de rodar Velozes e Furiosos 5, sequência da franquia de ação estrelada por Vin Diesel, Paul Walker e Jordana Brewster. Mas pode-se dizer que a estada deles está mais para visita. Nos quatro dias em que ficarão no Rio de Janeiro, vão apenas finalizar as cenas que não poderiam ser rodadas em Porto Rico, onde se filmou a maior parte do longa – na ficção, o Rio é a cidade onde se passa a história.

A escolha da cidade como cenário de Velozes e a perda da maior parte das gravações para outra locação é, para os produtores, para o turismo e para a imagem da cidade, um sinal de que o Brasil tem falhado na estratégia de atrair produções cinematográficas. E acaba perdendo, com isso, bem mais que os valores deixados durante a produção. Cinema é, em última análise, a melhor forma de divulgar mundo afora as qualidades e a cultura de um lugar – sem gastar um centavo que seja em publicidade.

A versão ‘carioca’ da série de filmes de ação é um ótimo exemplo de como o Rio perde – ou, no mínimo, deixa de ganhar. Depois de acertadas locações na cidade, guias para transporte de veículos e armas cenográficas, os produtores locais receberam a notícia: o filme mudara de endereço para Porto Rico, onde os incentivos ficais federais ajudam os investidores a economizar alguns milhares de dólares.

Na hora de calcular o orçamento, os encantos da Cidade Maravilhosa não bastaram. De acordo com Sérgio Sá Leitão, presidente da Rio Filmes, três fatores são levados em conta pelas produções internacionais ao decidir onde montar um set: as locações – no que o visual do Rio se garante; a infraestrutura – o país tem em média 90 produções cinematográficas locais por ano e uma ótima estrutura de produtoras, o que não faz disso um problema; e o custo da operação – onde reside toda a questão.

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Trocando em miúdos, o que atrai produções internacionais, de verdade, são incentivos fiscais. Segundo Leitão, 40% de tudo o que se gastou em Porto Rico voltou, em forma de incentivo, à produção. Já no Rio, apenas os tributos estaduais e municipais são deduzidos – já os federais, de tão altos, acabam afastando diretores e autores que se animam a filmar os Arcos da Lapa, o Corcovado e a orla carioca. “Se tivéssemos um incentivo que garantisse que, a cada 4 dólares gastos no país, 1 seria devolvido, seríamos extremamente competitivos nessa disputa”, calcula o presidente da Rio Filme.

Nos quatro dias da visita, a produção de Velozes deixará no país 3,36 milhões de reais. É muito pouco, se comparado ao que será gasto no país caribenho que hospedou todos eles nos meses de julho e agosto. Outros países que rivalizam com o nosso são México, África do Sul, Nova Zelândia e Austrália.

Hollywood North – Há boas chances de que um filme que mostre Nova York, Boston, Chicago ou qualquer cidade norte-americana de grande porte tenha sido filmada em Hollywood North. Este é o apelido que Vancouver ganhou por causa do volume de filmagens que recebe de produções estrangeiras.

British Columbia, o estado canadense onde fica Vancouver, é o terceiro maior centro de produção de filmes dos EUA hoje em dia. O Canadá arrecadou 1.4 bilhão de dólares apenas com filmes estrangeiros realizados no país em 2010. O mercado de TV e cinema local também se beneficia. No ano passado, arrecadou 5 bilhões de dólares, de acordo com a Associação Canadense de Produtores de Filme e Televisão (CFTPA).

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