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Um olhar sobre a condição humana

Aos 96 anos, morre a escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís

Por Da Redação Atualizado em 17 jul 2019, 16h54 - Publicado em 7 jun 2019, 07h00

A escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís gostava de contar uma história: um dia, foi abordada por uma mulher que a tinha visto na véspera, em um programa de televisão, e lhe disse: “Sabe, dona Agustina, gostei muito de a ver e ouvir ontem, e gostei muito de si. Qualquer dia até leio um livro seu”. Ela ria de uma constatação — em Portugal, e nos países em que foi traduzida, era mais conhecida do que lida. Sua obra mais celebrada é A Sibila, publicada em 1954, a saga familiar em torno de Joaquina Augusta, a Quina, que, presa à cama, doente, passou a ser vista como uma pessoa com dons sobrenaturais. Os teóricos definem o estilo de Bessa-Luís como neorrealista, de prosa caudalosa, quase sempre em tom memorialista — uma mistura de Franz Kafka (a quem ela dedicava especial atenção) com Gabriel García Márquez. Em 1989, Bessa­-Luís lançou Breviário do Brasil, relato de uma viagem de norte a sul na ex-colônia, que ela definiu da seguinte forma: “Mas este país é tão grandioso e cheio de encostas para vencer (umas botânicas, outras religiosas, outras históricas) que não me entendo com poucas palavras”. Morreu no Porto, na segunda­-feira 3, aos 96 anos. Disse dela o primeiro-ministro português António Costa: “Portugal perde uma das suas mais notáveis escritoras contemporâneas. Como toda a grande literatura, a obra de Agustina Bessa­-Luís é uma imensa tela sobre a condição humana”.


UM FILÓSOFO DO NOSSO TEMPO

CONTEMPORÂNEO – Um dos primeiros a pensar sobre a internet (Gerard Julien/AFP)

Quando perguntavam ao francês Michel Serres por que havia decidido se dedicar à filosofia, ele dizia: “Por causa de Hiroshima”. A resposta sintetiza, de modo extraordinário, seu trabalho intelectual: encontrar o lugar da reflexão filosófica em sua relação com a história e a política. Não por acaso ele se aproximou da sociologia. Tudo isso sem abrir mão de outros temas urgentes — educação e ecologia, por exemplo, estavam entre suas preocupações. Nascido em Agen, Serres era filho de um marinheiro e em 1949 chegou a entrar na Academia Naval. Três anos depois, no entanto, ingressou na Escola Normal Superior, entregando­-se de vez à filosofia. Afinado com a contemporaneidade, ele foi um dos primeiros pensadores a chamar a atenção para a revolução representada pela internet. Em Polegarzinha (2012), um de seus livros de maior êxito, Serres se debruça sobre a era digital. O título, claro, é uma alusão ao dedo que virou sinônimo desses novos tempos — mas no feminino, para sublinhar que a revolução também é de gênero. Serres morreu no sábado 1º, aos 88 anos, de causas não divulgadas, em Vincennes, França.

 

Publicado em VEJA de 12 de junho de 2019, edição nº 2638

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