Último livro de Umberto Eco será lançado em maio
Escritor e intelectual italiano morreu nesta sexta-feira. País amanheceu em luto
O Itália amanhaceu de luto neste sábado, dia seguinte ao anúncio da morte do escritor e intelectual Umberto Eco, autor de O Nome da Rosa, O Pêndulo de Foucault e O Cemitério de Praga, entre outros romances e livros acadêmicos. Personalidades da cultura, política, música e literatura italianas prestaram suas homenagens a Eco. O jornal La Repubblica sentenciou em sua capa: “Adeus a Umberto Eco, o homem que sabia de tudo”. A publicação informa que o funeral do escritor ocorrerá na próxima terça-feira e que o curador editorial de Eco, Mario Andreose, anunciou que o último livro inédito do italiano será lançado em maio.
Andreose afirmou ao jornal que a publicação tem o título de Pape satan aleppe. O livro, segundo ele, será um “grande entretenimento”. “Entre as várias partes do livro , algumas das quais são pura comédia, Eco analisa a identidade do papa Francisco. Ele tinha um grande respeito pelo papa”, afirmou.
LEIA TAMBÉM:
Eco: ‘Com a internet, o imbecil passa a opinar a respeito do que não entende’
Acervo Digital VEJA: Uma aula de paranoia
Pelo Twitter, o ministro da Cultura italiano Dario Franceschini classificou o escrito como um “gigante”. “Levou a cultura italiana para todo o mundo. Jovem e vulcânico até o último dia”, escreveu. O prefeito de Milão, Giuliano Pisapia, utilizou o Facebook, para prestar sua homenagem. “Adeus mestre e amigo, gênio do saber, apaixonado de Milão, homem de vasta cultura e de grande paixão política. Milão sem você é triste e pobre. Mas está orgulhosa de ser sua amada cidade. Tê-lo por perto nestes anos foi um grande privilégio”, publicou Pisapia.
De Bolonha, cidade onde Eco foi professor emérito e presidente da Escola Superior de Estudos Humanísticos da Universidade de Bolonha, o prefeito Virginio Merola expressou seu pesar. “Sinto sua falta, Bolonha sente sua falta, sua inteligência e seu espírito livre farão falta. Adeus Umberto”, postou Merola no Twitter.
A política e economista italiana Giovanna Melandri lamentou a notícia e destacou que Eco foi “um grandiosíssimo intelectual e escritor, uma pessoa única e especial”. No mundo acadêmico, Roberto Grandi, professor na Universidade de Bolonha e amigo do pensador, lembrou o passado para exaltar os momentos vividos. “Era 1972. Parece que foi ontem. Você veio a Bolonha. À universidade. E ficou. Obrigado pelos belos momentos que compartilhamos”, afirmou.
A editora italiana Bompiani, que publicou seu último livro, Número Zero (2015), escreveu: “Luto na cultura. Umberto Eco nos deixou: estamos abalados”. As reações também vieram do mundo da música, entre outros, da cantora italiana Noemi. “#UmbertoEco é parte da nossa cultura e literatura. Seremos capazes de contar tão bem as coisas aos italianos do amanhã?”, questionou.
Filósofo, crítico literário, semiólogo e romancista traduzido em mais de quarenta idiomas, o italiano transitava com desenvoltura entre o mundo acadêmico e os best-sellers. Nascido em 1932, na cidade de Alexandria, localizada na região italiana do Piemonte, Eco já era um intelectual respeitado quando lançou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980. Na obra, um frade franciscano inspirado em Sherlock Holmes investiga crimes misteriosos em uma abadia na Idade Média. A mistura de erudição e narrativa envolvente agradou público e crítica, e o livro foi um sucesso mundial. A obra ganhou uma também bem-sucedida adaptação para o cinema com Sean Connery – e transformou Eco em um dos maiores fenômenos literários do século XX.