Michael Moore nunca foi conhecido por sua sutileza. Não é agora que o diretor de documentários explosivos como Roger & Eu (1989), Farhenreit 11 de Setembro (Palma de Ouro em Cannes em 2004) e Sicko (2007) vai mudar. Mas há algo de diferente em Where to Invade Next, seu primeiro longa em seis anos, que faz sua estreia mundial no 40º Festival de Toronto. O cineasta está menos raivoso e mais feliz e otimista.
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Where to Invade Next começa com uma desanimadora montagem de várias coisas erradas nos Estados Unidos, da morte de Eric Garner por policiais brancos a pais comprando papel higiênico para a escola dos filhos. Moore então propõe uma invasão do exterior: ir a diversos países e roubar suas boas ideias para aplicá-las nos EUA.
Assim, ele viaja à Itália para conhecer as sete semanas de férias e feriados pagos por ano (nos Estados Unidos, cada dia de não comparecimento significa salário a menos e não há lei que obrigue as empresas a conceder férias de mais de uma semana por ano). Na Finlândia, conhece o sistema igualitário de educação (não há diferença de qualidade entre as escolas, e os estudantes fazem menos tarefa e passam menos tempo nas aulas). Na França, encanta-se com o almoço servido nos colégios, como num restaurante. Na Alemanha, ouve com cuidado como as crianças e jovens relembram os horrores cometidos pelo nazismo. Em Portugal, ouve policiais contra a pena de morte. Na Islândia e na Tunísia, mostra as conquistas das mulheres.
O diretor opta por não mostrar o lado ruim de cada um desses países, o que demonstra uma certa ingenuidade. Mas o objetivo é coletar boas experiências. Na comparação, os Estados Unidos não se saem bem, mesmo que esteja claro que muitas das ideias desses lugares todos vieram originalmente da América.
As críticas de Michael Moore continuam as mesmas: gastos elevados com armamentos, racismo, população carcerária gigante, infraestrutura pública em frangalhos. Ele acentua bastante como é importante ter mais mulheres em posições de poder – o que é verdade. Mas, como sutileza não é um dos seus traços mais marcantes, acaba fazendo campanha para a pré-candidata democrata Hillary Clinton.
Where to Invade Next não aborrece, pelo contrário, diverte. E coloca na pauta a necessidade de olhar para os lados e aprender com o que os outros têm de bom.
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‘Demolition’
Jake Gyllenhaal continua em sua cruzada para mostrar que é mais do que um rosto bonito. Depois de emagrecer assustadoramente para fazer O Abutre e ficar absurdamente forte para Nocaute, agora ele interpreta um bem-sucedido banqueiro que lida de uma maneira curiosa com a perda de sua mulher num acidente neste longa de Jean-Marc Vallée (Clube de Compras Dallas).
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‘Freeheld’
Diretor do simpático Nick & Norah – Uma Noite de Amor e Música, Peter Sollett agora conta a história real da policial Laurel Hester (Julianne Moore), que em 2005 entrou na justiça para que sua companheira, a mecânica Stacie Andree (Ellen Page), recebesse pensão após a sua morte, depois de ser diagnosticada com câncer em fase terminal.
https://www.youtube.com/embed/BLZo_ILZhfk
‘Our Brand is Crisis’
No filme de David Gordon Green, Sandra Bullock é “Calamity” Jane Bodine, uma estrategista de campanhas políticas que sai da aposentadoria para trabalhar para o candidato à presidência da Bolívia Castillo (Joaquim de Almeida). Tudo com um único objetivo: bater seu rival Pat Candy (Billy Bob Thornton), favorito para ganhar as eleições.
https://www.youtube.com/embed/2S8HVoWm9ec
‘About Ray’
O filme da inglesa Gaby Dellal fala de um assunto em voga: a questão do gênero e da sexualidade. Ray (Elle Fanning) sempre achou que era um menino, embora tenha nascido menina. Adolescente, insiste em fazer a transição, o que causa preocupação em sua mãe, Maggie (Naomi Watts), e sua avó, Dolly (Susan Sarandon), que é lésbica.
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‘The Dressmaker’
Baseado no romance de Rosalie Ham, o filme de Jocelyn Moorhouse traz Kate Winslet no papel de Tilly Dunnage, que deixou sua pequena cidade natal na Austrália depois de ser acusada de um crime quando era criança. Ela retorna como modista, depois de anos em Paris, causando furor na conservadora Dungatar com sua moda e modos progressistas.
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‘Trumbo’
Bryan Cranston, o Walter White da série Breaking Bad, interpreta o roteirista Dalton Trumbo neste longa de Jay Roach. Membro do Partido Comunista, ele entrou na lista negra depois de se recusar a dar informações ao Comitê de Atividades Anti-Americanas. Durante o período, ganhou dois Oscar sob pseudônimos (por Arenas Sangrentas e A Princesa e o Plebeu). Mais tarde, escreveu os roteiros de Spartacus e Exodus.