Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Spike Lee atrela imagem de Trump à da Ku Klux Klan em filme

Cineasta provocou risos e palmas no Festival de Cannes com ‘BlacKkKlansman’

Por Raquel Carneiro, de Cannes
Atualizado em 15 Maio 2018, 10h59 - Publicado em 15 Maio 2018, 10h48

O policial Ron Stallworth tem uma história bem absurda para contar — tanto que ele escreveu um livro sobre o acontecimento, chamado Black Klansman. Primeiro negro a conquistar um distintivo de detetive no Colorado, Estados Unidos, em 1978, ele decidiu se infiltrar na milícia racista Ku Klux Klan. Ainda cru na profissão, fez contato por telefone com o grupo até ser convocado para a primeira reunião. Um colega branco vai em seu lugar. Assim, os dois compartilham a missão, conquistando não só a carteirinha de membro da Klan, como também um cargo de liderança.

Nenhum roteiro fictício sobre os eventos que acontecem seria crível o suficiente se não corresse tudo próximo aos fatos. E nenhum diretor seria mais adequado para adaptar a trama além de Spike Lee, que apresentou o filme, batizado de BlacKkKlansman, no Festival de Cannes na noite de segunda-feira.

Numa mistura de comédia e thriller policial, o cineasta, que compete pela terceira vez pela Palma de Ouro, espinafra os supremacistas brancos, denuncia o racismo estrutural e faz questão de colocar uma dose de fé na polícia. Os “porcos”, como os oficiais são chamados em muitos momentos, ajudam mais do que atrapalham o rapaz em sua missão. E também percebem que algumas atitudes do dia a dia de um grupo totalmente formado por brancos, até então, precisam mudar.

O quase estreante John David Washington e o já popular Adam Driver adicionam uma boa dose de química à dupla de protagonistas. Enquanto Topher Grace (da série That’ 70s Show) faz rir sem muito esforço ao dar vida a David Duke, líder do Klan que mais tarde na história fora do cinema se torna deputado. Nos últimos anos, o republicano voltou aos holofotes por apoiar Donald Trump.

O presidente americano é alvo constante de alfinetadas do diretor ao longo do roteiro. Frases famosas proferidas por ele como a “America first” (América em primeiro lugar) e “Make America Great Again” (Fazer com que a América seja grande novamente) aparecem em muitas falas dos membros do KKK. As diretas nada sutis não foram suficientes para Lee. No fim, o filme exibe cenas reais do conflito entre negros e simpatizantes neonazistas e do Klan em Charlottesville, em 2017, que deixou dezenas de feridos e uma pessoa morta. As imagens se mesclam com outras de Trump, que não toma partido, mas coloca panos quentes, dizendo que os dois lados eram violentos.

O excesso de referências ao presidente enfraquece o longa, mas não afeta o seu todo. A produção arrebatou risos e palmas em diversos episódios que faziam a ponte entre cinema e realidade ao longo da sessão no festival.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.