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‘Sete Dias para o Fim do Mundo’, o conto best-seller inspirado na pandemia

Escrito em três semanas por Daniel Bovolento, finalista do Jabuti, texto inspira-se na pandemia para mostrar jornada de autoconhecimento

Por Amanda Capuano Atualizado em 21 set 2020, 16h00 - Publicado em 18 set 2020, 16h57

O que você faria se descobrisse que o mundo acabará em uma semana e não há nada a ser feito? Partindo dessa premissa, o escritor carioca Daniel Bovolento tece uma história de autodescoberta no conto lançado em e-book Sete Dias Pro Fim do Mundo, pela editora Planeta. A história, que encabeçou a lista de contos mais vendidos da Amazon, é parte da coleção Pela Janela de Casa — um conjunto de livros instantâneos, os instant books, que são livros curtos, escritos em cerca de um mês, pautados por temas atuais: neste caso, a pandemia. Publicitário de formação, Bovolento, que completa 28 anos na próxima terça-feira, 22, lançou-se como cronista — é autor dos romances Por Onde Andam as Pessoas Interessantes? e O que Tô Fazendo da Minha Vida?, este último finalista do Prêmio Jabuti e desbrava o terreno da ficção pela primeira vez em um livro escrito a toque de caixa. Confira a entrevista:

Sete Dias Pro Fim do Mundo saiu junho, no meio da pandemia, como surgiu a ideia do livro, publicado em um tempo tão reduzido? Ele faz parte da coleção Pela Janela de Casa, da Planeta, que surgiu com a intenção de usar o momento que estamos vivendo para trazer algumas narrativas que não necessariamente falassem sobre a pandemia, mas bebessem dessa fonte, a ideia de escrever em tempo reduzido chegou por eles. Conversando com a editora, foi curioso como algumas abordagens iam para lados mais esperançosos, mas a sensação que eu tinha no início de tudo isso era uma incerteza do que viria pela frente, e esse foi o meu grande mote: retratar o que estávamos, e ainda estamos, vivendo como um fim de mundo iminente.

Como a narrativa se assemelha e se difere da realidade da pandemia? Existe na história um perigo invisível, e os personagens estão quarentenados como a gente, mas ninguém sabe o que está lá fora, só que há algo desconhecido assolando o mundo. Então os noticiários divulgam que o mundo acabará em sete dias, e não há o que fazer para evitar. Eu quis olhar para isso com uma visão conformada. O que a gente faria se soubesse que a pandemia não vai acabar e estivéssemos fadados a vivê-la para sempre? Meus personagens olham para essa realidade e descobrem como encontrar o amor em um lugar vazio. Eles são vizinhos que seguem a lógica de que se o mundo vai acabar, por que não se abrir para as pessoas que estão vivendo isso com você? Eu fui para esse lado de criar um mundo apocalíptico, talvez pior do que estamos vivendo, para trazer personagens que falem de vulnerabilidade em um lugar onde o fim do mundo não vêm com uma destruição em massa, mas por um abandono, que é o sentimento que tenho frente ao momento que vivemos.

Quanto tempo o livro levou para ficar pronto? Foi muito rápido. Entre receber a proposta, enviar a ideia da narrativa, produzir, ter um retorno da editora e a disponibilização online, levou em torno de um mês e meio. O processo de escrita em si foi em torno de três semanas, talvez um pouco mais. Uma verdadeira maratona.

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Você costuma escrever crônicas, como foi a experiência com a primeira ficção? Foi um processo diferente, e ao mesmo tempo com muito sentido. Nas crônicas, eu parto de um olhar de observação do comportamento do outro, do cotidiano e das histórias. Nesse momento, não temos essa observação da vida alheia. A gente não tem como sair de casa e viver naturalmente como antes, com encontros amorosos, observar pessoas em cafés e bares. Essa observação foi algo que me faltou, e a ficção foi um refúgio que encontrei nesse momento de falta de referências, porque você cria o seu próprio mundo.

Com o tempo reduzido e a investida na ficção, seu processo de escrita mudou? Eu tinha um prazo, mas também tinha que respeitar a minha criatividade. Em alguns dias, eu virava a noite escrevendo um capítulo, e em outros eu ficava bloqueado nos diálogos por muito tempo. Foi bom porque me mostrou que eu consigo escrever uma história sob pressão, em um tempo curto, mas ao mesmo tempo eu queria ter desenvolvido melhor. O mais difícil foi a falta de referência e de contato com o mundo real, e trazer a minha visão de cronista para a ficção para que os meus leitores me vissem na história. 

Passaria pela experiência de novo? Sim, porque eu funciono muito bem sob pressão. No produto final, perde-se um pouco do tempo de descansar o que foi escrito e voltar com outro olhar. Isso muda a perspectiva que queremos dar para um personagem, ou até mesmo o fim da história. Mas eu tive uma boa experiência escrevendo essa história, provavelmente por ser mais curta. Se fosse um romance com mais personagens, um desenvolvimento mais complexo, não teria dado. Não recomendo, mas eu faria de novo porque te força a ter criatividade sob pressão. Escritores renomados, como o Bukowski, se impunham um tempo mais curto para escrever. O Stephen King geralmente coloca uma meta de três meses para um livro. É um método criativo interessante.

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