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‘’Sense8′ não é ficção científica. É sobre fé e sexualidade’, diz ator da série da Netflix

Produção dos criadores de 'Matrix' trata de temas controversos por meio da história de um grupo de pessoas sensitivas

Por Ana Beatriz Rosa
27 jun 2015, 11h56

Após o sucesso estrondoso de Matrix (1999), filme vencedor de quatro estatuetas no Oscar, e de suas duas sequências, os criadores da produção, os irmãos Lana e Andy Wachowski, tiveram dificuldade de conquistar a crítica e o público. A nova chance surgiu este mês com o lançamento da série de ficção científica Sense8. Com doze episódios, o seriado original da Netflix parte da premissa de que, originalmente, os humanos seriam todos sensitivos, mas cada pessoa pertenceria a um grupo diferente que pode se conectar em situações diversas. Por exemplo, alguém na Índia pode ter uma visão de algo que acontece com um membro do seu grupo nos Estados Unidos – mesmo sem ter nenhum contato com a pessoa ou conhecimento de sua existência.

A trama gira em torno de um núcleo de oito indivíduos espalhados pelo mundo que se encontram conectados desta maneira. Eles compartilham olhares, sensações, emoções e até falas. Cada episódio mostra, de forma mesclada, os personagens e seus dramas, trajetórias e valores. Entre as temáticas tratadas no roteiro estão machismo, sexualidade, violência, família e drogas. Com tantas controvérsias em um só texto, a série não cumpriu a promessa de agradar a crítica, mas atiçou a curiosidade dos assinantes do canal – rumores dizem que, em breve, a Netflix deve anunciar a produção da segunda temporada do programa.

Em evento na cidade de São Paulo, os atores Miguel Ángel Silvestre, que interpreta Lito Rodriguez, e Naveen Andrews, que dá vida a Jonas Maliki, conversaram com o site de VEJA sobre a participação na série dos irmãos Wachowski.

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Sense8 trata de questões controversas pouco comuns em produções de ficção científica. Este é um diferencial importante da produção?

Naveen Andrews: Para mim, Sense8 não é só ficção científica. Na realidade, não acho que a série se encaixe em um gênero especifico. Falo por mim, como espectador e não como ator. Quando eu li o roteiro do programa, por exemplo, eu achei que fosse sobre sexualidade. Mas a série pode ser interpretada de outras formas por outras pessoas. Alguém pode entender que seja sobre a fé na humanidade. Para além da categoria que o programa se vende, nós descobrimos uma vertente mais profunda da história a cada filmagem. É uma experiência intensa para audiência.

Miguel, você vive um ator gay que não revela sua orientação sexual para o mundo. Quais são seus cuidados para tratar o tema?

Miguel Ángel Silvestre: A cena mais difícil para mim foi interpretar a relação entre o meu personagem e o de Alfonso Herrera. Quando a gente se conheceu, nos olhamos e rimos: como vamos ser capazes de interpretar e passar para o público a ideia de amor? Nós tínhamos que estar sempre relaxados. A forma como a gente tinha que se olhar tem que ser a mais real possível. Nós estamos tratando algo que ainda é questionado e é considerado como um problema há anos. As pessoas não podiam falar abertamente sobre a sua sexualidade, então elas a deixavam de lado e eram banidas de seus direitos como cidadãos. Então, nós queremos passar a ideia mais relaxada possível da relação homoafetiva, e a mais verdadeira. Eu tinha muito medo no início, mas assim que conheci Alfonso e nos tornamos bons amigos, se tornou mais fácil do que eu pensava.

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Andrews: O resultado não tinha como ser diferente. Eles têm uma verdadeira história de amor. Tem cuidado, carinho, sutileza, é humano e é leve. Mas tem a questão da dor, que para mim é honrosa. O personagem de Miguel vive entre a vida e a morte. A relação é como uma libertação quando estão entre eles. Lito tem a coragem de se encontrar com o ser dele, com quem ele realmente é e viver assim. E isso é uma coisa que nós queremos que as pessoas reflitam.

Apesar de terem uma ligação mental, os personagens não têm outros superpoderes, como é comum no universo da ficção científica. Por que essa escolha foi feita?

Silvestre: Eu acho que os Wachowski quiseram passar algo realmente profundo. Para mim é o trabalho mais maduro deles. Eu acho incrível que o público pode se reconhecer nos personagens, pode imaginar que aquelas histórias poderiam ser delas. Tem muito realismo no enredo. É incrível como todos os personagens têm dons, mas o que é melhor é que eles podem compartilhar isso. E pensando na vida real, isso seria maravilhoso, não? Nós seríamos muito maiores se eu pudesse dividir com você a minha capacidade de atuar e você dividir a capacidade de entrevistar, entende? Acho que é isso que eles querem passar, a ideia da possibilidade de compartilhar algo.

Andrews: Acredito que a força dos personagens não precisa ser por meio superpoderes, mas sim por saber usufruir da ideia de consciência coletiva.

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