Seis novíssimas tendências do século passado
O eterno retorno da cultura pop tem trazido novamente à tona produtos e estilos da TV, da música, da moda, da decoração e até da tecnologia

Ambientada nos anos 1980, a série Stranger Things mostrou, com a forte repercussão que teve no ano passado e as impressionantes dezoito indicações ao Emmy deste ano, que a estética do século passado está de volta. Com tudo. Não é a única a apostar no passado recente. Ao lado dela, Glow e a nova temporada de Twin Peaks, fenômeno dos anos 1990, dão o tom da nostalgia no catálogo do Netflix.
Mas não é só na TV que referências às décadas anteriores podem ser encontradas hoje. O eterno retorno da cultura pop tem trazido novamente à tona produtos e estilos da música, da moda, da decoração e até da tecnologia.
Confira abaixo seis tendências que bebem na fonte dos anos 80 e 90 e rejuvenescem para ganhar as ruas da atualidade:
Fitas cassete
Peça central na série 13 Reasons Why, as fitas cassetes prometem voltar às prateleiras em breve. A gravadora brasileira Deck, responsável pelo lançamento de artistas como Pitty, Roberta Campos e Alceu Valença, comprou equipamentos para a produção da mídia e deve relançá-la no começo do ano que vem.
“É um objeto que era de uso comum na época e hoje é item de luxo, de colecionador”, diz o produtor musical Péricles Martins, conhecido como Boss in Drama e parceiro de Karol Conka, Linn da Quebrada e Mr. Catra.
Artista da Deck, Péricles Martins pretende lançar o seu próximo álbum, no ano que vem, também em cassete. “Tem mercado para isso. Gente que quer ter o produto físico e abrir o encarte. É um prazer tátil, em um momento em que as músicas estão na nuvem e os vídeos, no streaming”, diz.
Tectoy
No começo dos anos 1990, a Tectoy dominava o mercado brasileiro de vídeo games. Há anos sem lançar produtos com a mesma relevância, em 2017, a pretexto de comemorar seus 30 anos, a empresa relançou o Mega Drive, um campeão de vendas no mundo de vinte anos atrás, e ainda agregou uma outra velha estrela ao portfólio, o Atari, dos anos 1980.
A aposta pode parecer arriscada, ainda mais em uma economia em crise como a brasileira. Mas, para o presidente da empresa, Stefano Arnhold, a situação nacional faz despertar a saudade dos momentos prazerosos da infância e da juventude, principalmente daqueles vividos com grande intensidade. “A média de uso dos nossos vídeo games era de 2,6 horas por dia. Representava de longe a maior atividade no tempo livre do usuário”, diz.
Exagero de cores
Os anos 1980 foram marcados pelo exagero, principalmente no uso das cores. O consultor de moda Arlindo Grund destaca a volta, agora, dos tons “mais açucarados”, como o rosa, o azul e o amarelo, vistos em tecidos brilhantes.
Essas referências foram usadas por Boss in Drama e Linn da Quebrada no recém-lançado clipe da música Close Certo.
De acordo com a arquiteta Barbara Gomes, as cores fortes também são tendência na decoração. Ela destaca o uso de tons de azul e vermelho em sofás e almofadas de veludo, tecido que também foi febre em décadas passadas. Na pintura e no revestimento das paredes, essas tonalidades também podem ser usadas, mas com parcimônia. “Em locais de pouco uso ou de passagem, como lavabo e o hall social, para não enjoar”, aconselha.
Ombreiras
Embaixo das camisas, duas mini-almofadas colocadas sobre os ombros destacavam essa região do corpo e ajudavam a criar uma imagem de poder nos anos 1980. Abandonadas nas décadas seguintes, as ombreiras retornam para homens e mulheres. “Isso já está na rua em Paris. Os fashionistas abraçaram, e todo mundo está usando”, diz Grund, que aconselha uma visita ao guarda-roupa de pais e avós para resgatar essas peças e combiná-las com modelos mais contemporâneos.
Plataformas “quebra-pé”

No auge da carreira, em meados da década de 1990, as cinco cantoras do grupo britânico Spice Girls desafiavam a gravidade em botas conhecidas como “quebra-pé”. Essas plataformas saíram do ostracismo e voltam em versões variadas, que incluem tênis e sandálias. “A gente viu muito na passarela da Prada e da Gucci”, conta Grund.
Latão e dourado

Segundo a arquiteta Barbara Gomes, o latão e as peças douradas, muito usados décadas atrás, dão personalidade, ajudam a tirar “a cara de loja” dos ambientes e recuperam memórias afetivas.
Foi com esses tons que ela decorou a unidade da Vila Olímpia da barbearia Corleone, em São Paulo, salão de beleza masculino inspirado nos modelos nova-iorquinos do século passado.