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Rodrigo Santoro, o rei Xerxes, queria ser guerreiro em ‘300’

Brasileiro, que interpreta o monarca autointitulado deus, conta bastidores das gravações da sequência 'A Ascensão do Império', que estreia em 7 de março

Por Pollyane Lima e Silva
24 fev 2014, 06h56

“A ação, nesse tipo de filme, é muito instigante. Você fica igual a uma criança, querendo brincar.”

“Somente os deuses podem derrotar os gregos.” É no leito de morte de seu pai, que Xerxes entende o que precisa fazer para vencer os inimigos. Sua versão mortal, então, dá lugar ao deus-rei que vai dar continuidade à conquista de territórios persas. A origem do ser mitológico interpretado por Rodrigo Santoro é o mote da sequência de 300 (filme de 2006), A Ascensão do Império, que tem estreia prevista para o dia 7 de março. “Tentamos humanizar esse personagem que deu tanto o que falar no primeiro filme”, explica o ator, que visitou o Brasil em janeiro passado para divulgar o novo trabalho.

Santoro revelou os bastidores das gravações, lembrou toda a preparação que precisou fazer para revisitar o mesmo personagem seis anos depois, e contou que, apesar de toda a grandiosidade que envolve seu papel, o que ele queria mesmo era estar lutando do lado do inimigo. “A ação, nesse tipo de filme, é muito instigante. Você fica igual a uma criança, querendo brincar. E eu sou muito ativo”, explicou, imitando os gestos dos guerreiros gregos com as espadas – que voltam mais sangrentas. E, antes mesmo do novo lançamento, ele admite já ter ouvido um ‘zum zum zum’ sobre o terceiro longa da série.

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PREPARAÇÃO

Quando 300, A Ascensão do Império, recebeu autorização para ser feito, eu tinha acabado de filmar Heleno (sobre o jogador Heleno de Freitas), trabalho para o qual precisei emagrecer doze quilos. Então, primeiro tive de voltar ao meu peso normal e, daí, àquele físico que o Xerxes exige. Mas eu tive tempo: foram quatro meses de preparação – os dois primeiros só para chegar de novo aos 80 quilos. Precisei seguir uma dieta muito rigorosa – eu e berinjela nos tornamos melhores amigos. Tinha uma nutricionista no set e, de três em três horas, cada ator recebia sua quentinha. Foi tudo muito regrado, e com muitos profissionais para ajudar. Na academia, eram três horas diárias de treino, entre musculação e aeróbico. O resultado é que tudo o que aparece na tela é meu, nada computadorizado. Tenho provas (risos).

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DESAFIO

O que mais me chamou a atenção foi ter de revisitar um personagem depois de seis anos. Nunca tinha feito isso, ainda mais em um papel tão específico, que exige tanto. Respirei fundo e me perguntei: Então, o que vai ser interessante nessa história? Aí, conversei com o Zack Snyder (diretor do filme). Ele me falou: “O que eu quero, agora, é tentar explicar um pouco aquele personagem que causou reações enormes. Tentar humanizar esse deus-rei, explicar quem ele é”. Foi isso o que achei interessante. Fazer sequência é sempre complicado, e foi muito inteligente a forma como eles abordaram, e as interseções feitas com o primeiro filme. Nunca tinha visto isso! Ao mesmo tempo, você pode assistir o segundo independentemente, e vai entender.

PERSONAGEM

Eu já tinha lido sobre a história dele, um jovem que perde o pai e assume a missão de sucedê-lo – como todo filho de rei naquela época. Xerxes sempre foi descrito como estrategista, um cara que sabia articular as coisas, não um guerreiro. O filme mostra uma manipulação por parte de Artemísia (Eva Green), mas ele não é vítima ou fantoche dela, sabe exatamente o que está fazendo, e se entrega. Então, há uma morte e um renascimento. O próprio pai disse que a única forma de derrotar os gregos e continuar avançando seria se tornar um deus. Artemísia é ativa, vai para frente da batalha, mas acho que ele está por trás de toda a história. É influenciado, mas de forma consciente. Pelo menos eu trabalhei dessa forma.

CARACTERIZAÇÃO

No primeiro filme, levava seis horas para me transformar no Xerxes. Neste, conseguimos baixar o tempo para quatro horas e meia. Só no rosto, são doze piercings, colocados em uma base de silicone. Raspei todo o corpo, que recebia três camadas de cor para chegar naquele tom de dourado. Eram dois profissionais trabalhando comigo. Ficávamos cronometrando o tempo, como um box de Fórmula 1 – era o jeito que a gente encontrava para se divertir às 4 horas da manhã. Eu era o primeiro a chegar no set. Por volta das 7 horas, quando todo mundo começava a aparecer, eu já estava pronto. As filmagens iam até o fim do dia. Aí, quando todo mundo estava dispensado, eu ainda precisava de uma hora e meia ou duas para tirar tudo. Por causa de todo esse trabalho, minhas gravações foram concentradas em três semanas.

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GRAVAÇÕES

Xerxes é um gigante, um homem de nove pés de altura. Para mostrar esse efeito, não podia ficar em contato com ninguém, porque não sou eu que sou alongado, são os outros que ficam reduzidos. Cada vez que toco uma pessoa, são milhões de dólares e coisas para fazer. É um trabalho muito técnico. Eu gravo sozinho. No primeiro filme, falava com uma fita crepe. Como se passaram seis anos, pensei: “A tecnologia evoluiu, isso não deve se repetir”. Realmente não foi igual. Dessa vez, tive que conversar com uma bolinha de tênis. Ela ficava na ponta de um bastão, sendo movida de um lado para o outro. Eu me senti Tom Hanks em Náufrago, conversando com Wilson, a bola (risos). É um trabalho muito diferente, porque não tem uma troca, você precisa imaginar tudo. Trabalha o cérebro de uma forma diferente.

AÇÃO

Meu personagem é super exuberante, mas eu precisava me mover calculadamente, porque qualquer movimento maior poderia fazer cair um piercing ou algum outro penduricalho. Era quase um trabalho zen. Eu tinha mesmo vontade era de participar das cenas de ação, como um dos guerreiros. Eu via os atores fazendo aquelas sequências, as coreografias dos dublês e ficava encantado. É fascinante! Como eu queria estar ali! Queria poder fazer os dois: ser o Xerxes mas também ficar ali no meio deles, como figurante que fosse. É genial a forma como eles fazem isso! E, na hora que você assiste, fica mágico. A ação, nesse tipo de filme, é muito instigante. Você fica igual a uma criança, querendo brincar. E eu sou muito ativo.

NOVA SEQUÊNCIA

Eu ouvi ‘zum zum zum’, mas nada de concreto. Vontade de fazer, eu acho que eles têm. E A Ascensão do Império não dá só margem, mas um rio inteiro para pensar que deve ser produzido um terceiro filme. Deixar em aberto faz parte de um blockbuster. Na história, tem mais uma batalha à frente. E eu acho que o Xerxes ainda leva um tempo para ser derrotado. Não sou contra a ideia, mas temos de ver como vai ser – e se terei saúde. Quem sabe ele não volta como um guerreiro, e eu posso finalmente partir para a ação (risos)? Não dá, eu sei. Mas, pelo menos, quem sabe, eu não tenha mais de falar com uma bolinha? Não sei. Estou focado agora no meu novo filme, Os 33 (sobre os mineiros chilenos soterrados durante 69 dias, em 2010).

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