RDT apresenta sua ‘bossa contemporânea’ em São Paulo

Por Roger Marzochi
São Paulo – E aí João Gilberto? Na relax? Rapaz, você precisa sair um pouco mais de casa. Pegue um avião na ponte aérea para São Paulo, porque a partir das 21h uma banda que faz um som definido como “jazz contemporâneo” deve ter escutado muito você. Eles dosam muito bem o silêncio, ritmo e poesia. A definição “contemporâneo” pouco importa. O nome do grupo, o RDT, Rapazes do Trio, também. O que falta de criatividade em algumas áreas sobra em música.
O grupo, formado por Walter Nery (guitarra), Guto Brambilla (baixo) e Fernando Baggio (bateria), tocará no Jazz nos Fundos as músicas do disco “Antídoto”, lançado no ano passado. Assim como a “Suíte do Náufrago”, do grupo À Deriva, “Antídoto” conta uma história em nove músicas, que podem ser ouvidas separadas. Mas juntas fazem todo o sentido.
O show será realizado no Jazz nos Fundos, que há três meses instituiu um novo sistema de funcionamento para garantir convivência pacífica entre ouvintes e baladeiros. Das 21h45 às 22h30, há regras mais rígidas para não prejudicar a concentração de ninguém, como já ocorre, por exemplo, na Casa de Francisca. Após esse horário, o Jazz nos Fundos vira um “jazz bar”, com “ambiente informal, conversas, fofocas e cochichos permitidos.”
“Pedimos para o cliente não conversar durante o show durante 45 minutos. Tem sido bem legal. Na segunda parte, vira jazz bar, mas a gente pede sempre para conversar com respeito aos músicos e aos ouvintes, mas já pode fofocar”, explica Caroline Sampaio, produtora da casa. “E tem dado certo. Conseguimos pacificar a convivência com os dois públicos e com os músicos. Eles sabem que, na primeira parte, serão bem ouvidos pelo público e, na segunda parte, farão um repertório mais agitado para a galera curtir a noite.”
Há quem ainda não goste desse debate sobre o silêncio. É óbvio que o silêncio se conquista, mas com a ajuda da casa é muito melhor. E o João Gilberto entende disso também. O seu silêncio o RDT já conquistou. O conceito do disco é o mesmo da meditação. Começa nas nuvens com “Clouds”, que tira o sujeito do chão para levá-lo a uma “Viagem de Férias”, na segunda faixa. E, até chegar em “Antídoto”, a oitava música, o grupo indicará uma direção na última faixa: “Logo Ali”. A sensação vem do trio, mas a história é a de quem ouve.
“A gente entendeu que na nossa música a pausa, os espaços e o silêncio eram importantes. A guitarra faz a melodia, mas o baixo e a bateria não precisam preencher vazios. O vazio faz parte do trio e é um conceito bem bossa nova, pensando nesse sentido, que é o de deixar a música ser sentida, deixar fluir o espaço e o silêncio”, explica Fernando Baggio, baterista. “Mas não tem aspecto didático. Não temos a intenção de criar uma estética, mas a intenção de que escutem a música como uma linha, uma história, uma sensação.”
Programação – Ricardo Herz Trio se apresentará amanhã na casa. O violinista e compositor apresentará músicas do seu novo disco “Aqui é o meu lá”. No sábado, será a vez de Tito Martino Jazz Band. Caroline Sampaio explica que, aos sábados, a casa é totalmente jazz bar, para a moçada curtir som, dança e bate-papo. O que não faz das atrações do dia menos interessantes, por favor! Respeito é bom, de ambos os lados, músicos, público e empresários da noite. E a banda do Tito Martino se inspira no estilo jazzístico de New Orleans e na fusão da várias culturas musicais que movem também os pés.
Caroline acrescenta que a opção pelas novas regras do silêncio também são decorrentes da nova aquisição da casa: um piano. “Mesmo se colocar microfone, piano é um instrumento acústico, não é como um amplificador de baixo. O piano tem um limite. Ou a gente exigia silêncio ou não poderia ter um piano na casa.”
RDT
Jazz nos Fundos
R.João Moura, 1076, Pinheiros
Tel.: 3083 5975
Site: http://jazznosfundos.net
Horário da casa das 20h à 2h.
Até 21h30 (15 minutos antes do início do show): R$ 15.
Após 22h30 (Jazz Bar): R$ 25 reais com 10 consumíveis. Só dinheiro.
Reservas por meio do e-mail: contato@jazznosfundos.net
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