Depois de A Entrevista, a comédia em que Seth Rogen e James Franco vivem dois jornalistas encarregados de assassinar o ditador Kim Jong-un, deixar tensa a relação entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos, a série Homeland estremece o relacionamento da Casa Branca com o Paquistão. Autoridades locais estão furiosas com o canal americano Showtime, onde Homeland é exibida nos EUA, porque a quarta temporada da série retrataria o país oriental de forma pouco generosa — segundo essas autoridades, como um lugar horroroso, marcado pela ignorância e pelo terror, um verdadeiro inferno. O último episódio da temporada vai ao ar neste domingo, na TV americana.
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“Difamar um país que tem sido um parceiro próximo e um aliado dos EUA… é um desserviço, não só para os interesses militares da Casa Branca, mas também para os americanos”, disse ao jornal The New York Post, em tom de ameaça, o porta-voz da Embaixada do Paquistão em Nova York, Nadeem Hotiana.
Entre as principais queixas dos diplomatas paquistaneses — que se debruçaram sobre os 12 episódios da nova temporada da série, para tomar notas e encaminhá-las ao Showtime — está a forma como a capital, Islamabad, é apresentada em Homeland. “Islamabad é uma cidade tranquila e pitoresca, com belas montanhas e vegetação exuberante”, disse uma fonte ao Post. “Em Homeland, porém, a cidade parece um buraco sujo, uma zona de guerra onde tiroteios e bombas explodem e cadáveres estão espalhados pelo chão. Nada poderia estar mais longe da verdade.” A Islamabad mostrada nos episódios, vale dizer, é na verdade a Cidade do Cabo, na África do Sul, onde as cenas foram gravadas.
Outro ponto de insatisfação para os paquistaneses é a forma como a principal língua do país, o urdu, é falada na série. Além de um visível sotaque estrangeiro, algumas palavras são empregadas com o sentido errado.
Mas o maior problema, para as autoridades locais, é o fato de Homeland mostrar o Paquistão como um país anti-democrático onde o terrorismo teria terreno fértil. “Há insinuações repetidas de que uma agência de inteligência do país é cúmplice de terroristas, à custa da vida de civis inocentes”, disse uma fonte que não se identificou. “Isso é não só absurdo, mas também um insulto aos milhares de funcionários de segurança que têm se sacrificado na guerra contra o terrorismo.”
Segundo a reportagem, as autoridades paquistanesas não tiveram nenhum retorno do canal Showtime.
Esta não é a primeira vez que Homeland irrita um país. No ano passado, a série recebeu críticas da Venezuela, depois de um episódio ambientado em Caracas, no qual figuravam traficantes, usuários de drogas, prostitutas e policiais corruptos. Mais uma vez, as cenas não foram rodadas no local onde a história se passava: o episódio que chateou os venezuelanos foi filmado em Porto Rico.