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Por que as estrelas de ‘Stranger Things’ querem parecer mulheres maduras

Tendência vem do desejo de corresponder a novos padrões femininos, mas sem a sexualização do passado

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 jul 2022, 08h00

Durante evento de estreia da quarta temporada de Stranger Things, em maio deste ano, Millie Bobby Brown, intérprete de Eleven na série que é o maior fenômeno atual da Netflix, surgiu em um sóbrio vestido branco e preto. O corte de cabelo com franja acentuava o ar de mulher adulta. Embora tenha só 18 anos, a atriz lembrava a personagem de Sandra Bullock no filme Um Sonho Possível (2009) — detalhe: à época, a veterana tinha 44 anos. Em vídeo dos bastidores da série divulgado recentemente, mais um visual de Millie — agora, um conjunto preto acompanhado de madeixas escuras escorridas — rendeu comparações entre os fãs nacionais com outra atriz mais velha: Claudia Raia, de 55.

Stranger Things: Raízes Do Mal

O cultivo de uma imagem madura se estende a mais atrizes do elenco da série, como Sadie Sink, que faz a personagem Max, e Priah Ferguson, a Erica da trama. Aos 20 anos, Sadie vem preferindo ternos que escondem as curvas de seu corpo e lhe dão uma aura séria. Já Priah, de apenas 15, às vezes investe num vestuário adolescente colorido, mas prefere o guarda-­roupa de mulher maior de idade. As estrelinhas de Stranger Things resumem, assim, uma novidade comportamental. Na transição da fase infantil para a sonhada carreira adulta, já não basta às atrizes se vender como mulherões: elas precisam transmitir certa imagem de seriedade e segurança.

Stranger Things: Cidade Nas Trevas

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Desde os primórdios do cinema e da TV, a pressão sobre as estrelas infantis — especialmente do sexo feminino — sempre foi avassaladora. Já é comprovado que crescer na frente das câmeras prejudica a saúde mental das meninas, que precisam se desenvolver sob o escrutínio de milhões de pessoas. Não à toa, muitas atrizes infantis lançadas pela Disney sofreram com a cobrança de virar adultas quanto antes. Miley Cyrus, ex-intérprete de Hannah Montana, abandonou a figura de criança e se consolidou como diva pop indo pelo caminho de praxe — o abuso da sensualidade. Isso rendeu frutos, mas cobrou um preço psicológico, incluindo até problemas com drogas. A busca desesperada pela maioridade levou pelo mesmo caminho jovens atrizes como Emma Watson, a eterna Hermione de Harry Potter, e Mara Wilson, a Matilda de 1996.

ABUSO DO PASSADO - Miley Cyrus: a sensualidade era explorada em excesso -
ABUSO DO PASSADO – Miley Cyrus: a sensualidade era explorada em excesso – (@mileycyrus/Instagram)

Na geração das meninas de Stranger Things a pressão ganhou nuances distintas. Ao se vestir como adultas, elas buscam fugir da hipersexualização com intuito de ser levadas a sério e, sobretudo, corresponder às expectativas de uma nova forma de empoderamento feminino. Crescidas na era do #MeToo, Millie, Sadie e Priah demostram uma atitude que deve reverberar pelas próximas décadas, ao vestir a ideia de que não é preciso ser sexy para ser vista como amadurecida.

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A forma como as novas estrelas infantis lidam com a transição de idade parece mais equilibrada em relação ao passado. Mas o fato é que elas ainda estão sujeitas a um efeito negativo no processo: a necessidade de “pular” uma parte essencial na construção de qualquer pessoa, a adolescência. A psicóloga e psicoterapeuta Débora Laks, especialista nessa faixa etária, explica que a “adultificação” é a tentativa de acelerar o desenvolvimento, impedindo que um jovem possa viver experiências importantes. “Esse fenômeno costuma ser impulsionado por estímulos inadequados”, pondera. E alerta: “A puberdade precoce hoje é estimulada ainda mais pelas redes sociais, o que merece reflexão da sociedade”. As garotas talentosas brilham na tela — mas pagam o preço de ter a infância interrompida.

Publicado em VEJA de 3 de agosto de 2022, edição nº 2800

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