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Periferia invade as telas com ‘Na Quebrada’

Longa nacional conta as histórias de cinco jovens de comunidades carentes de São Paulo, que descobrem um caminho através do cinema

Por Flávia Ribeiro, do Rio de Janeiro
4 out 2014, 16h49

Cinco jovens da periferia de São Paulo se encontram ao ingressar num curso de cinema do Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias, que oferece formação técnica na área a jovens de comunidades carentes de São Paulo. No longa de ficção Na Quebrada, as histórias contadas na tela foram retiradas de dezenas de entrevistas feitas pelo diretor Fernando Grostein Andrade (dos documentários Coração Vagabundo e Quebrando o Tabu) com rapazes e moças que viram no cinema uma chance de mudar seus destinos, ligados à pobreza e ao crime. Fernando é irmão mais novo de Luciano Huck, que é o fundador do Criar e produtor do filme. Mas lembra que sua relação com o Criar vai além do fato de ser irmão do apresentador: “Muitos dos jovens do instituto estão empregados em produtoras, trabalhando mesmo com audiovisual. Alguns deles, inclusive, trabalham na minha produtora, a Spray”, diz.

Um deles, Paulo Eduardo, é codiretor do filme e personagem da história, já que é em sua vida que se baseia o personagem Zeca (Felipe Simas), adolescente que leva um tiro numa briga entre grupos de traficantes dos quais não fazia parte – estava no lugar errado na hora errada – e abandona a amargura através da paixão pela sétima arte. “Vim da periferia de São Paulo. Periferia é tudo igual. Muda o sotaque, mas o resto é parecido. Depois que tomei o tiro, com 15 anos, comecei a trabalhar na vídeo-locadora do meu tio. Fiquei interessado em cinema, mas faculdade era muito caro para mim. Corri atrás de cursos gratuitos na área e descobri o Criar, que mudou minha vida. Aquele tiro que tomei acabou me fazendo descobrir o que eu queria da vida”, conta Paulo.

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Há 25 alunos do instituto envolvidos no filme, desde Paulo, até profissionais de assistência de produção e assistência de arte, passando por uma das atrizes, Daiana Andrade, que vive o papel de Joana, jovem que quase morre ao roubar um carro. Os irmãos Jorge, 18, e Domênica Dias, 15, filhos do rapper Mano Brown, do grupo Racionais MC’s, interpretam Gerson e Mônica. Com pai, mãe e irmão cegos, Mônica é a única que enxerga na família. Já Gerson é filho de presidiário, o que leva o filme para dentro de uma prisão em vários momentos, com direito a uma rebelião e a um assassinato.

As cenas foram gravadas dentro de um presídio e os atores eram detentos que participam de um grupo teatral organizado na prisão. “Busquei autenticidade no filme. Os buracos nos dentes e as cicatrizes dos detentos são reais, porque eles são reais. As perguntas que eu me fiz foram: ‘como é ser filho de detento e ainda assim ver seu pai como herói?’; ‘como é andar de casa até a escola tropeçando em corpos?’. Mas tentei alternar momentos duros com outros poéticos, apontar soluções e revoluções propostas pela população da quebrada, como o Cine Rincão”, diz Fernando, referindo-se ao cinema comunitário criado pelo personagem Zeca e que existiu na vida real.

Na Quebrada, que entra em circuito no dia 16 de outubro, faz parte da mostra Expectativa do Festival do Rio e tem sessão com a presença do diretor e de alguns atores neste sábado, 4 de outubro, às 19h no Estação Rio 1. O longa também tem sessões no dia 5 de outubro, às 14h, no Cinépolis Lagoon 4, e às 18h, no Cine Carioca; e no dia 7 de outubro, às 16h, no Estação Ipanema 1.

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