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Paulo Martelli revisita obra de Geraldo Vespar em livro de partituras

De parcerias com grandes nomes da música nacional e extensa carreira em novelas, Vespar teve obra revivida por um dos grandes violonistas da atualidade

Por Amanda Capuano Atualizado em 3 set 2021, 16h42 - Publicado em 3 set 2021, 16h33

Poucas coisas são tão enraizadas na cultura brasileira quanto aquele amigo com um violão a tiracolo. Nos anos 50, Geraldo Vespar era um desses que alegrava as rodas de colegas dedilhando as baladas de João Gilberto no instrumento. Hoje com 84 anos, o músico escreveu seu nome entre os mais importantes violonistas do Brasil, e integra o repertório até de quem diz não conhecê-lo: seu currículo inclui parcerias com nomes como Radamés Gnattali, Elza Soares, João Nogueira, Elizeth Cardoso, Beth Carvalho, Clara Nunes, entre outras figuras célebres da música nacional. Adiciona-se aos seus feitos o fato de ele ter sido o primeiro a desenvolver uma série de estudos de ritmos populares brasileiros no violão — resgatados recentemente em um livro de partituras curado e editado pelo também renomado violonista Paulo Martelli.

“A gente tinha estudos, mas não em títulos populares. A obra de Vespar traz uma linguagem muito característica da MPB daquela época. É um tipo de música que vai ser absorvida e que agora pode ser levada para as salas de concerto”, conta o músico a VEJA. Um dos mais reconhecidos intérpretes da obra do alemão J. S. Bach, Martelli se divide entre o violão de seis e onze cordas, mas também encontra tempo para fazer uma espécie de trabalho “missionário”, como ele mesmo descreve, de resgate e divulgação da música nacional. Antes mesmo de lançar o livro de cifras, há poucas semanas, divulgava a obra de Vespar entre seus alunos e lançou, em 2019, um CD com gravações em que toca os estudos do músico disponíveis nas plataformas de streaming. 

Os dois se conheceram em Nova York no início dos anos 2000, enquanto estudavam música na cidade americana, e voltaram a se encontrar em 2018, quando Martelli começou o projeto de resgate dos estudos de Vespar. No total, são vinte deles, que ensinam a tocar ritmos como valsa brasileira, calango, samba-blues, samba-bossa-nova, entre outras levadas da música popular. “Eles servem para fazer uma apresentação recital, ou para tocar em um grupinho de amigos. É a música popular brasileira,” descreve Geraldo Vespar.

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Nascido em 1937 na cidade cearense de Quixadá, Manuel Geraldo Vespar aprendeu os primeiros acordes aos 5 anos de idade, em um cavaquinho que ganhou de presente do pai. Aos 9 migrou para o violão do patriarca, um farmacêutico e repentista que almejava uma carreira na medicina para os sete filhos. Vespar, porém, se apaixonou pela música: aos 15 anos foi apresentado ao maestro Geraldo Amaral, de quem foi pupilo, e seis meses depois já acompanhava calouros na Rádio Anhanguera de Goiânia, seu primeiro trabalho profissional com o violão. Daí para frente construiu uma carreira duradoura tocando na noite carioca e como parte de orquestras renomadas, entre elas a Orquestra da TV Excelsior, regida pelos maestros Alexandre Gnattali e Aristides Zacarias; Orquestra da Televisão Tupi e a Grand Orchestre de Paul Mauriat, onde apresentou-se como solista e arranjador pela França, Países Baixos, Coreia, Grã-Bretanha e Japão. Além de ter gravado com nomes cultuados da música brasileira, como Elza Soares, com quem saiu em turnê pelo México e Estados Unidos no ano de 1968.

Seu trabalho mais popular, porém, veio na televisão, quando assumiu a trilha sonora das novelas da Rede Globo em 1978, com Dancing Days. Ficou na emissora até 1986, e durante esse período esteve envolvido na produção de praticamente todas as novelas da grade. “Ali eu fui produtor musical, arranjador, supervisor e gerente artístico. Estive em Dancing Days, Pai Herói, Os Gigantes, e todas as novelas até Eu Prometo, da Janete Clair, que foi a última”. O trabalho na televisão, que ele descreve como “a melhor escola do mundo”, atesta o maior trunfo da obra de Vespar: “Ele vem de uma linhagem de compositores e faz essa ponte da música erudita com a música popular. Geraldo é um compositor sofisticado, mas com uma linguagem de fácil acesso. Ele une gregos e troianos”, resume Martelli.

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