O ator Paulo Autran foi nomeado patrono do teatro brasileiro. O título, que tem apenas valor simbólico, foi oficializado ontem pela presidente Dilma Rousseff.
As artes cênicas tiveram atenção também da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, que homologou o tombamento do Teatro Oficina. A decisão de tombar o Oficina, sede de uma das companhias mais importantes do país, já havia sido tomada pelo Iphan em junho do ano passado.
Projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, o prédio que hoje abriga o grupo já era tombado pelo Condephaat. A decisão atual deve permitir ampliar a área de proteção de seu entorno.
O patrono do teatro – Morto em 12 de outubro de 2007, aos 85 anos, de um câncer de pulmão, Paulo Autran atravessou todos os modismos do teatro em sessenta anos de carreira e sobreviveu não apenas a eles, como também às mudanças de sua principal ferramenta – seu físico.
Começou jovem e belo, depois de abandonar a advocacia, em peças como Um Deus Dormiu Lá em Casa – sua estreia profissional, em 1949. Foi incomparável na meia-idade (na qual fez seu filme mais célebre, Terra em Transe, de Glauber Rocha) e expôs-se frágil, mas sempre atilado, na velhice.
Tanta longevidade não decorreu só da versatilidade, que lhe permitia atacar de comédias ligeiras a Pirandello e Shakespeare sem desafinar, ou da disposição e da saúde – a qual só no último ano lhe faltou de fato. Autran renovou a si mesmo e ao teatro sobretudo por causa desse temor tão salutar que, aliado à sua vontade pelo que fazia, o manteve lúcido e inquieto.
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