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Oswaldo Vecchione, fundador do Made in Brazil: ‘O rock não vai morrer’

Vocalista da banda de rock mais antiga em atividade no Brasil conta sobre seu retorno aos palcos após sofrer um AVC em 2020

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 Maio 2021, 16h32 - Publicado em 10 Maio 2021, 16h00

Desde 1967, quando eu e o meu irmão Celso Vecchione fundamos o Made in Brazil, a banda brasileira mais antiga de rock em atividade, minha missão sempre foi manter acesa essa chama. Por isso, o dia 13 de julho, o Dia Mundial do Rock, também sempre foi especial para mim. No ano passado, mesmo em quarentena, eu não pretendia deixar a data passar sem uma comemoração. Estava bastante animado e não sentia absolutamente nada de estranho com a minha saúde quando me deitei para dormir na véspera. Ao acordar, no entanto, o lado esquerdo do meu corpo estava paralisado. Demorei a perceber, tentei levantar o braço, e ele não se mexeu. A mesma coisa aconteceu com a minha perna esquerda. Me movi na cama e, com muito esforço, consegui me levantar. Mas, quando fiquei em pé, eu desabei no chão. Não sentia nenhuma dor, mas gritei para a minha mulher, Sol, que estava na cozinha preparando o café. Ela veio correndo. De cara, eu suspeitei que havia sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e chamamos o Samu. Em menos de uma hora, eu já estava fazendo uma tomografia e o diagnóstico, infelizmente, confirmava minha suspeita. Aquele foi o Dia do Rock mais triste da minha vida. O assustador disso tudo foi que eu dormi saudável e acordei de outro jeito. Meu primeiro pensamento foi o de que nunca mais conseguiria andar, cantar e tocar baixo com minha banda.

Comecei um tratamento de fonoaudiologia e fisioterapia imediatamente, e passei a tomar uma dúzia de remédios. Os médicos foram realistas: minha recuperação seria lenta. Mas sempre disseram que ainda seria possível recuperar os movimentos do meu corpo. Graças a Deus, em menos de dois meses, eu já havia recobrado o movimento do rosto e podia falar. Mais importante: conseguia cantar normalmente. Foi o suficiente para, sentado em uma cadeira de rodas, voltar aos palcos para fazer dois shows emocionantes no interior de São Paulo, um em Mogi Mirim, cidade onde moro, e outro em Amparo, além de uma live em São Paulo. Ainda continuo sem movimento de um lado do corpo, e nos shows não consigo tocar baixo. Mas toco gaita, percussão e também canto. Fiquei tão otimista com o resultado que até encomendei um novo instrumento – que espero usar bastante no futuro. Hoje, eu dependo da minha mulher para fazer praticamente tudo, como levantar da cama, sentar no sofá, tomar banho, ir ao banheiro e me alimentar. Eu virei um bebezão de 90 quilos. A Sol é a minha vida e eu tenho gratidão a Deus por tê-la ao meu lado.

Minha condição de saúde não está impedindo que eu faça planos para o futuro da banda, que está celebrando 54 anos de carreira e pela qual já passaram mais de 100 músicos. Entre esses planos, está o lançamento do livro História de Uma Banda de Rock Made In Brazil, que terminei de escrever recentemente com 54 histórias do grupo, e que pretendo lançar ainda neste ano. Também já temos um repertório pronto com cerca de catorze músicas inéditas, que vamos gravar em breve em um novo álbum, batizado de Resistência. O título tem muito a ver com o que eu estou passando agora, mas também é um lembrete de como o Made in Brazil sempre foi uma banda teimosa. Nós nos orgulhamos de ter influenciado dezenas de bandas de rock brasileiras e ainda hoje continuar influenciando novos grupos. Meu plano para o futuro, por enquanto, é me manter vivo, respirando. Mas, se Deus quiser, também permanecer cantando. Independentemente da minha saúde, quero continuar na estrada. Enquanto houver tesão e ideias, vou botar tudo para funcionar. Em 13 de julho deste ano, certamente, irei comemorar mais um Dia Mundial do Rock. E prometo que jamais vou deixá-lo morrer.

Oswaldo Vecchione em depoimento dado a Felipe Branco Cruz

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