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O revival do grunge

Shows de algumas das principais bandas do movimento surgido em Seattle reavivam nos fãs a memória de grandes canções

Por Da Redação
17 out 2011, 06h29

A turnê do Pearl Jam no Brasil e os principais shows do SWU Music & Arts são um bom termômetro para medir quão vivas ainda estão as últimas canções relevantes do rock

Da agenda de shows internacionais que passam pelo Brasil até o fim do ano, saltam expoentes de uma época pródiga para a história do rock, cujos fatos mais importantes completam em 2011 exatos vinte anos. As apresentações do Pearl Jam em novembro em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre, e a reunião no mesmo mês, no festival SWU (SP), de quatro expoentes do gênero – Chris Cornell, vocalista da banda Soundgarden, o Hole, grupo de Courtney Love, Alice in Chains e o Stone Temple Pilots – reavivam o grunge, movimento nascido em Seattle, nos Estados Unidos, que ganhou o mundo envolto numa camisa xadrez.

Na sua opinião, qual a banda mais importante do grunge?

Some-se a isso o lançamento de PJ20, documentário sobre o Pearl Jam dirigido por Camerom Crowe (Quase Famosos), e o relançamento em edição luxuosa do Nevermind do Nirvana, disco-pilar do movimento, e a efeméride toma ares de celebração. “Nervermind é um disco que se sustenta as vendas independente de ações de marketing. O relançamento se aproxima de 20.000 cópias vendidas e passou por três reproduções de cópias”, disse Felipe Gagliardi, representante da Universal Music.

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É de se perguntar o que mantém vivos os ecos de 1991, para além da relação nostálgica dos fãs com as bandas e canções. Há explicações. Foi nesse ano que o Nirvana tomou de assalto as paradas de sucesso, então dominadas por Michael Jackson, com um disco de guitarras sujas e versos tristes, e o Pearl Jam lançou Ten, o trabalho mais importante da carreira da banda. Na trilha dos dois grupos, uma série de bandas como Soundgarden e Alice in Chains alcançaram o estrelato. Mas não apenas isso.

O grunge (sujeira), termo que foi cunhado por Mark Arm, vocalista do Green River, não só levou ao topo da indústria musical bandas próximas da estética punk e simplificada – de letras objetivas e poucos acordes. Bandas, aliás, em tudo opostas à megalomania do hard rock dos anos 1980, representado por nomes como Guns N’Roses e por seu excêntrico vocalista, Axl Rose. Alterou também comportamentos, moda e referenciais.

Fãs do mundo inteiro passaram a se espelhar nos seus novos ídolos, que vestiam camisa de flanela xadrez, típica da classe operária de Seattle, escreviam letras sobre depressão e apatia e demonstravam desprezo pelo mainstream – para onde acabaram arrastados pelo sucesso global.

A banda grunge Pearl Jam
A banda grunge Pearl Jam (VEJA)
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Do ponto de vista musical, o sucesso de Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden e Hole – criado por Courtney Love em 1989, antes do casamento com Kurt Cobain, morto em 1994 – serviu para resgatar nomes do rock alternativo americano como Sonic Youth e Pixies, influências declaradas, e bandas de menor porte como Mudhoney, Screaming Trees e Green River. Agrupadas em uma pequena gravadora, a americana SubPop, as grandes bandas do grunge despertaram o interesse das corporações do ramo, ávidas por descobrir quem repetiria o seu sucesso. Selos foram incorporados pelas majors e contratos milionários assinados.

Excessos e quedas — O declínio do nicho foi tão rápido quanto a sua ascensão. O que, diga-se de passagem, tornou ainda mais forte o seu acontecimento. Cinco anos depois de surgir para o grande público, o alcance dos grunges foi refreado. Kurt Cobain suicidara-se em 1994 com um tiro na cabeça e o uso desenfreado de drogas comprometeu o desempenho e a continuidade de praticamente todas as bandas do rol, com exceção do Pearl Jam, liderada por Eddie Vedder, a mais longeva e ativa.

Passadas duas décadas, intervalo em que tradicionalmente são abertas as portas dos revivals, os marcos ficaram ainda mais claros. O relançamento comemorativo de Nevermind faz lembrar que o disco que projetou o Nirvana saltou de uma tiragem inicial de 50.000 cópias para a impressionante marca de 26 milhões de cópias vendidas, transformando-se em fenômeno comercial. Que lançou um ídolo pop despojado e amargo, crítico da indústria de entretenimento da qual fazia parte. Que abriu espaço para outras bandas de estética crua e compacta, seres estranhos no mundo da pirotecnia pop que dominava então. E que demarcou o fim de uma década (1980) para muitos perdida.

Embora diluído, o legado do gênero ainda pode ser percebido em grupos pequenos e independentes, de alcance limitado. Entre eles, estão os britânicos do Yuck. Mas resta pouco mais do que isso. A força do grunge se mantém mesmo é ligada aos nomes da época que sobrevivem. E ressurge pelo frisson que encontros como o recentemente ocorrido entre o baixista Krist Novoselic, o baterista Dave Ghrol e o produtor Butch Vig, que trabalharam juntos em gravações do Nirvana, despertam nos fãs. Tanto os maduros e nostálgicos quanto os que estão aportando só agora na área de Seattle.

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A turnê do Pearl Jam pelo Brasil, com ingressos esgotados dois meses antes, no ano em que se comemoram 20 anos do seu primeiro disco, e os principais shows do SWU Music & Arts, convertido nesta edição em templo do grunge, são um bom termômetro para medir quão vivas ainda estão as últimas canções relevantes do rock.

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