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“O filme é uma ficção”, diz Carolina Larriera sobre ‘Sérgio’

Sobrevivente da explosão em 2003 que matou o embaixador Sérgio Vieira de Mello, no Iraque, a consultora argentina aponta falhas no roteiro sobre seu marido

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 29 Maio 2020, 13h35 - Publicado em 29 Maio 2020, 06h00

A senhora foi consultada para a produção do filme Sérgio (exibido pela Netflix)? Reconheceu-se na Carolina interpretada por Ana de Armas? Não fui procurada nem prestei consultoria. O filme é uma ficção. Há uma simplificação do nosso casamento. Sérgio já havia sido apresentado a minha família na Argentina e eu já conhecia a sua. Não sou eu aquela Carolina. Trata-se de interpretação livre. Conheci a equipe por acaso, um dia em que topei com o grupo em Ipanema.

O filme responsabiliza o embaixador pela remoção da proteção militar ao prédio da ONU em Bagdá. Foi assim mesmo? É importante esclarecer que, no Iraque, Sérgio tinha função política, sem ingerência alguma sobre a segurança do prédio. A cena em que ele retira a proteção militar correspondeu, na vida real, a uma decisão da liderança da ONU em Nova York. Mas o filme deixa claro que a representação das Nações Unidas em Bagdá não tinha equipamento mínimo de defesa no lugar mais explosivo do planeta em 2003 e mostra suas falhas em prestar socorro ao seu próprio pessoal, que ficou abandonado.

A senhora prepara alguma resposta ao filme? Estou terminando de escrever um livro, em parceria com minha sogra, Gilda Vieira de Mello, sobre os detalhes do que aconteceu imediatamente depois do atentado.

Os funerais dele foram na Suíça. Por que não estava lá? O corpo de Sérgio virou uma espécie de troféu. Dona Gilda só soube que o filho não ia ser sepultado no Rio já a caminho do cemitério. O corpo foi levado à França (onde vivia a ex-mulher) e, depois, para a Suíça. Enquanto isso, em Bagdá, eu fui colocada pela ONU em um voo com escalas ao redor do mundo para não chegar a tempo ao velório.

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A senhora superou a tragédia? O que me deu satisfação foi a fundação, junto com dona Gilda, do Centro Sérgio Vieira de Mello, para perpetuar o legado dele, democratizar o acesso à diplomacia e desenvolver nos jovens as características que o mercado exige. Temos como parceira uma turma de garotos incríveis da Bahia, a Diplomun.

Sua mágoa com a ONU persiste? Sou sobrevivente de um atentado no qual perdi meu marido. Estava lá como funcionária da ONU. E agora as Nações Unidas não me reconhecem nem como funcionária sobrevivente nem como esposa.

Publicado em VEJA de 3 de junho de 2020, edição nº 2689

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