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Novo ‘Saltimbancos’ atinge memória afetiva de fãs dos Trapalhões

Apesar do tom explicitamente nostálgico, filme com Didi e Dedé à frente do elenco também deve divertir as crianças

Por Heloísa Noronha
19 jan 2017, 13h55

 

Para justificar a produção de um filme como Os Saltimbancos Trapalhões – Rumo a Hollywood nos dias atuais é preciso abrir mão generosamente do exercício do senso crítico. O roteiro do longa, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, tem fios soltos e algumas interpretações exageradas quase ultrapassam a linha tênue que separa a caricatura da canastrice.

Porém, aos olhos dos adultos que cresceram assistindo às aventuras dos Trapalhões na TV e nos cinemas (e eles reinaram absolutos nas telonas nos anos 1980), o longa-metragem é um delicioso flashback, um retorno à época dos cinemas de rua, da magia circense sem amparo na tecnologia, do humor sem filtro e sem patrulha.

Até o público infantil, habituado aos efeitos especiais, à narrativa ágil e ao visual espetacular das atrações contemporâneas, vai ter sua disputada atenção atraída pelo filme, que pode se tornar uma boa experiência compartilhada entre gerações.

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Não se trata de um remake de Os Saltimbancos Trapalhões (1981), que arrematou mais de cinco milhões de espectadores e em 2015 foi eleito pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. É uma versão atualizada, que resgata alguns elementos-chave e os coloca em nova roupagem.

Sob direção de João Daniel Tikhomiroff, a história começa com um mirabolante e divertido sonho de Didi Mocó, o atrapalhado “faz tudo” do Grande Circo Sumatra, alocado na fictícia cidade de Barra Feia. Em seus devaneios oníricos, ele está em Hollywood na companhia de Dedé (que também trabalha no circo) para receber um prêmio na cerimônia do “Oscara”. Numa cena inspiradíssima, o ator Dan Stulbach encarna seu “sósia” Tom Hanks.

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De volta à realidade, Didi se vê às voltas com os problemas financeiros da companhia circense, resultado da proibição da participação de animais em circos (lei, no entanto, tida como positiva na ótica dos personagens). O dono, Barão Bartholo (Roberto Guilherme, o eterno Sargento Pincel da atração na TV), transferiu a administração para o ganancioso Satã (Marcos Frota), que quer fazer bons negócios com o prefeito corrupto e manipulador Aurélio Gavião (Nelson Freitas). Após um período de estudos no exterior, Karina (Letícia Colin), filha de Barão, retorna ao país e se alia a Didi na busca de uma solução para a crise.

A resposta vem na forma de um novo espetáculo musical, concebido por Didi numa velha máquina de escrever, que recicla números antigos e coloca os artistas “interpretando” animais. O elenco e a trupe (na vida real, integrantes do circo de Marcos Frota), então, dão início às clássicas canções do musical de Chico Buarque, de 1977. Vale lembrar (ou explicar) que Chico transformou em musical a peça Os Saltimbancos, do italiano Sergio Bardotti e Luiz Enríquez Bacalov, que por sua vez era uma adaptação do conto Os Músicos de Bremen, dos Irmãos Grimm. 

Performances como História de Uma Gata (imortalizada por Lucinha Lins no filme de 1981, mas defendida, literalmente, com garra por Letícia Colin), A Cidade dos Artistas e Piruetas vão fazer a alegria dos saudosistas e das crianças. Essas, aliás, também devem se divertir com os animais falantes que dão conselhos a Didi em seus sonhos mirabolantes.  

Os fãs de Os Trapalhões não se decepcionarão ao ver o reencontro de Didi e Dedé no cinema após um hiato de 18 anos. Os diálogos, as gags e a troca de farpas entre os dois continuam exercendo seu encanto. Como humoristas de primeira linha, eles sabem rir de si mesmos e usam com maestria a passagem do tempo como pretexto. Talvez o próprio tempo atenue o impacto de uma obra dos Trapalhões para quem não tem familiaridade com ela nem sabe com exatidão o quanto o grupo contribuiu para a construção da nossa identidade cultural.

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A julgar pela qualidade das produções brasileiras destinadas ao público infanto-juvenil nos últimos anos, Renato Aragão ainda é, sim, importante para o cinema, nem que seja na forma de uma reverência (ou auto-homenagem, já que ele assina o argumento) como Os Saltimbancos Trapalhões – Rumo à Hollywood. E por falar em homenagem, prepare a caixa de lenços de papel: de Zacarias e Mussum, integrantes já falecidos que eternizaram o quarteto, dão o ar da graça numa sequência emocionante.

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