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No FestRio, uma conversa com Pilar Del Rio e o diretor Miguel Mendes, diretor do documentário ‘José & Pilar’, sobre Saramago

Com estreia marcada para sábado (25) no FestRio, José & Pilar registra imagens de quatro anos da vida do autor José Saramago e sua mulher Pilar Del Rio

Por Rodrigo Levino, do Rio de Janeiro
24 set 2010, 16h46

Em 2005, quando o diretor Miguel Mendes propôs a José Saramago, escritor português Nobel de Literatura (1998) e morto em junho de 2009 aos 87 anos, um documentário sobre a vida dele com a jornalista espanhola Pilar Del Rio, foi surpreendido com um convicto “não”. Se nunca se fez de rogado em propagar seu ultrapassado ideário político pendido para a esquerda, Saramago resguardou o quanto pôde a vida privada, que tinha no casamento com a mulher 28 anos mais jovem, que conheceu em 1987 e com quem permaneceu até a morte, uma das tramas mais saborosas.

“A única coisa que me restava era insistir. E foi o que fiz”, conta Mendes, em entrevista pela exibição do documentário José & Pilar no FestRio. A partir da negativa do autor, ele empreendeu uma incessante troca de correspondências também com Pilar, a fim de convencê-los do contrário. Mendes já havia dirigido um documentário sobre a vida do pintor e poeta Mario Cesariny, e foi essa peça intimista que terminou por amolecer o casal – “Pilar era ainda mais contra a ideia; achava que todo o foco deveria estar no José”, diz ele, que à certa altura ouviu do estrepitoso escritor que tinha “medo de não ter algo tão relevante para falar”, ao contrário de Cesariny.

Ao perceber o traço de sincera insegurança, Mendes laçou a oportunidade. Foram quatro anos, 230 horas de filmagens e alguns milhares de quilômetros acompanhando o casal em viagens ao redor do mundo, em que o escritor divulgava sua obra e seu ideário, até nascer José & Pilar (120 min.) que será exibido amanhã (25) no Festival do Rio e estreia em Portugal no dia 16 de novembro, data do aniversário de Saramago.

“É uma imensa declaração de amor que põe o autor num lugar que lhe era precioso: o de mortal, finito, comum no dia a dia e profundamente comprometido com a vida e seu ofício”, teorizou Mendes sob o olhar afirmativo de Pilar. Uma visão que pode ser resumida na cena que abre o documentário, em que o escritor declara que, “se tivesse morrido aos 63 anos, antes de lhe ter conhecido, morreria muito mais velho do que serei quando chegar a minha hora”. Até a tal efeméride, Pilar lhe foi a companhia constante, “inclusive nas suas ideias políticas”, ressalta ela.

As imagens do casal foram feitas até três meses antes da morte de Saramago e registraram farto material durante o processo de criação, publicação e a turnê de divulgação do penúltimo livro do autor, a novela A Viagem do Elefante (2008), lançado mundialmente no Brasil.

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“A minha intenção nunca foi tirá-lo de um pedestal. Acho que o documentário serve para, além de eternizar a imagem dele, revelar um homem de fino humor e completamente devotado à mulher”, diz Mendes. Ao que Pilar completa: “Eu também a ele”.

Gosto pela linguagem cinematográfica ou de documentários nunca faltou ao autor que, segundo Pilar, durante anos a fio assistiu um filme por dia e escrevia pequenas notas sobre cada um deles. Muitos Fellini, Bertolucci, Woody Allen e nas últimas semanas de vida, dois brasileiros que lhe arrebataram: Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, e Santiago, documentário de João Moreira Salles.

José & Pilar é coproduzido pela O2, do cineasta Fernando Meirelles, que adaptou em 2008 para o cinema o romance Ensaio Sobre a Cegueira (1995).

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