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Nicholas Sparks sobre seus best sellers: ‘Não escrevo adultérios que acabam em sexo’

Campeão de vendas de obras e de bilheteria nas telas, o americano lança nova trama açucarada e revela segredos de sua fórmula de sucesso

Por Amanda Capuano Atualizado em 25 out 2024, 12h36 - Publicado em 25 out 2024, 06h00
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  • Tanner Hughes é um veterano do Exército americano criado pelos avós. Quando a matriarca morre, deixa para ele uma missão: ir atrás do pai que nunca conheceu, e fazer as pazes com a própria história. No meio do caminho, porém, seu destino se entrelaça com o de dois moradores de Asheboro, na Carolina do Norte: a médica Kaitlyn Cooper, mãe de dois filhos e recém-divorciada, e o misterioso Jasper, um homem de 83 anos que vive isolado na floresta e é assombrado pelo passado. A trama de Contando Milagres, livro de Nicholas Sparks que acaba de ganhar tradução no Brasil, aposta na mescla de romance e pungência que fez do autor de 58 anos um dos mais badalados das últimas décadas, com 130 milhões de cópias vendidas no mundo — 3,4 milhões só no Brasil, pela Arqueiro.

    Campeão incontestável no mercado editorial, Sparks estabeleceu-se também como uma grife lucrativa nos cinemas: lançado há cerca de um mês nos Estados Unidos, Contando Milagres já tem uma adaptação encomendada pela Amazon, e três outros livros dele serão vertidos em filme pela Universal. Os novos filhotes reavivam o império do escritor nas telas, que estava parado desde 2016, com o lançamento de A Escolha — em que Sparks atuou como produtor e roteirista. “Eu andava muito ocupado e resolvi respirar um pouco, pela minha saúde mental. Alguns anos se passaram, o mundo mudou, o streaming surgiu, e aí veio a pandemia”, explicou ele a VEJA sobre a pausa no cinema (leia a entrevista).

    CONTANDO MILAGRES, de Nicholas Sparks (tradução de Simone Lemberg Reisner; Arqueiro; 320 páginas; 59,90 reais e 34,90 reais em e-book)
    CONTANDO MILAGRES, de Nicholas Sparks (tradução de Simone Lemberg Reisner; Arqueiro; 320 páginas; 59,90 reais e 34,90 reais em e-book) (//Divulgação)

    Seu nome, contudo, nunca deixou de valer ouro para a indústria: desde o lançamento de Uma Carta de Amor, em 1999, foram onze livros adaptados e mais de 890 milhões de dólares em bilheteria. “O sucesso gera sucesso. As pessoas querem fazer o próximo Diário de uma Paixão ou Um Amor para Recordar”, diz o autor, citando duas de suas histórias que viraram hits nas telas — a lista conta ainda com títulos como Querido John, Um Porto Seguro e A Última Música. “Tem uma demanda impulsionada pela indústria, mas também pelo público. Os filmes são um êxito, então continuam sendo feitos”, analisa ele com pragmatismo, citando o potencial mercadológico como apelo irresistível para Hollywood.

    Nascido em Omaha, Nebraska, Sparks começou a escrever aos 20 anos, mas só publicou sua primeira ficção mais de uma década depois, aos 31. Lançado em 1996, Diário de uma Paixão foi uma estreia avassaladora e abriu as portas para uma carreira prolífica no gênero que ele descreve como “histórias de amor” — não romance. “O romance sempre tem um final feliz. Nas histórias de amor, você não sabe o que vai acontecer. O casal pode ficar junto, pode querer ficar junto e não conseguir, ou pode acontecer uma tragédia”, teoriza ele, citando a imprevisibilidade, a identificação e as intercorrências da vida como o principal atrativo de sua fórmula certeira.

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    MARCANTES - Diário de uma Paixão (acima) e Um Amor para Recordar: filmes inspirados nas histórias do autor são lucrativos
    MARCANTES - Diário de uma Paixão (acima) e Um Amor para Recordar: filmes inspirados nas histórias do autor são lucrativos (//Divulgação)

    Suas histórias quase sempre se inspiram, em menor ou maior grau, em experiências pessoais dele próprio ou de conhecidos. “Tento criar personagens que se pareçam com a sua irmã, o seu vizinho, a sua mãe, o seu avô, ou alguém com quem você estudou”, diz o escritor, apontando ainda que sentimentos como tristeza e frustração muitas vezes estão entremeados nas relações da vida real. “As pes­soas leem meus livros porque sabem que haverá elementos românticos. Mas também porque é uma história que parece real e você não sabe aonde ela vai chegar até a página final”, afirma.

    Sparks é um tipo certinho que prefere não colocar palavrões ou cenas de sexo entre jovens em seus livros. Mas lidou com a imprevisibilidade das relações na própria vida: pai de cinco filhos, foi casado por mais de duas décadas, mas se divorciou em 2015. Apesar do término, ele não se ressente. “Não vejo meu casamento como um fracasso porque acabou em divórcio. Duramos 25 anos e funcionou até não funcionar mais. Às vezes é assim que as coisas são”, pondera, jurando que ainda crê no amor. “Finais felizes são sempre possíveis”, diz. Um eterno romântico é incorrigível.

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    “Escrevo sobre pessoas”

    Nicholas Sparks falou a VEJA sobre os desafios de se manter atual e o apreço pelas adaptações cinematográficas de seus livros.

    Muitos de seus livros viraram filmes. Incomoda que as pessoas apenas assistam a eles e não leiam? Nem um pouco. Há muita gente familiarizada com meus livros, mas, em relação ao total da população, é um número baixo. As pessoas gostam de filmes, então sou abençoado que mesmo quem nunca leu um livro meu possa aproveitar algumas de minhas histórias.

    Tem uma adaptação favorita? Todas são ótimas, mas escolho Um Amor para Recordar. Tenho filhos e sempre via com eles porque não tem palavrão, sexo ou violência.

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    Evita essas temáticas? Depende. Não sou ingênuo, sei que acontecem. Mas se o personagem é menor de idade, ele vai se apaixonar, beijar, segurar as mãos, mas não vai transar. Também não escrevo adultérios que acabam em sexo. Sei lá, sou católico.

    Muita coisa mudou no mundo, como se mantém atual? Apesar de o mundo estar mudando, de haver avanços digitais e questões políticas, eu escrevo sobre pessoas e suas emoções, e isso muda em um ritmo muito mais lento.

    Mas e a tecnologia? Tenho consciência de que ela pode datar uma obra. Evito citar elementos como MySpace ou Facebook, porque não sei o que virá depois. Quero que minhas histórias sejam atemporais.

    Publicado em VEJA de 25 de outubro de 2024, edição nº 2916

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