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Nelson Sargento, um dos últimos bambas do samba, morre aos 96 anos

Um dos maiores compositores de samba-enredo do Brasil, o músico era um dos últimos representantes da velha guarda da Mangueira

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 Maio 2021, 11h44 - Publicado em 27 Maio 2021, 11h23

Nelson Mattos, conhecido como o Nelson Sargento, morreu nesta quinta-feira, 27, aos 96 anos. Ele estava internado no Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Rio de Janeiro, desde sexta-feira, 21, após testar positivo para Covid-19. O cantor e compositor estava internado no local porque fazia acompanhamento de um câncer de próstata, que estava sob controle. Ele foi um dos primeiros cariocas a receber a vacina contra o coronavírus, em 31 de janeiro, em uma cerimônia no Palácio da Cidade, ao lado do ator Orlando Drummond, de 101 anos. Na ocasião, Nelson cantou alguns versos de sua canção mais famosa Agoniza Mas Não Morre, que diz nos versos: “Samba, agoniza mas não morre, alguém sempre te socorre, antes do suspiro derradeiro.” A segunda dose foi ministrada em sua casa, no dia 26 de fevereiro, com Sargento vestindo uma camisa do time de futebol Vasco da Gama, seu time do coração.

Presidente de honra do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira desde 2013, Sargento foi uma das figuras mais icônicas do Carnaval carioca. Com seu vozeirão grave e rouco, ganhou o apelido de Filósofo do Samba por mais de 400 composições como Cântico à Natureza, Encanto da Paisagem, Falso Amor Sincero, Século do Samba, Acabou Meu Sossego e Vai Dizer a Ela. Já a outra alcunha, “Sargento”, ele conquistou pela patente que atingiu quando serviu brevemente no exército.

Filho de Rosa Maria, uma empregada doméstica, e Olímpio José de Mattos, um cozinheiro, Nelson nasceu em 25 de julho de 1924, no Rio de Janeiro. Ele teve uma relação distante com o pai, que se separou de sua mãe quando ele ainda criança. O contato inicial com o samba ocorreu no morro do Salgueiro, para onde se mudou com a mãe, aos 10 anos. Quando ele chegou aos 12, Rosa vai para o Morro da Mangueira viver com o cantor de fado e pintor de paredes Alfredo Lourenço, o Alfredo Português. Ainda na juventude, nos anos 1940, Português nota o talento de Sargento para o samba e o incentiva a continuar compondo. Nelson aprende a tocar violão com mestres do samba, como Cartola e Nelson Cavaquinho e, por influência do compositor Carlos Cachaça, passa a integrar a ala de compositores da Mangueira em 1942. Em 1955, junto com Português e Jamelão, compõe o samba-enredo Primavera (As Quatro Estações), um dos mais belos exemplares do gênero.

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Nelson integrou o grupo A Voz do Morro, junto com ícones como Paulinho da Viola, Zé Kéti, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, José da Cruz e Anescarzinho. Também participou das rodas de samba no bar Zicartola, tocado por Cartola e sua mulher, a Dona Zica.

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Em sua longeva carreira de sambista, ele também encontrou espaço para ser pintor e escritor de livros de poesias. O apartamento do jornalista e crítico de samba Sérgio Cabral, por exemplo, foi todo pintado por Sargento. Sua obra começou como abstrata e logo depois ele passou a retratar o cotidiano das favelas do Rio de Janeiro. Em 2019, 14 quadros seus foram expostos em uma área do festival Rock in Rio. Na área literária, escreveu o livro de poesias Prisioneiros do Mundo e Um Certo Geraldo Pereira, com temas existenciais e também relacionados à natureza.

Sargento deixa a mulher, Evonete Belizario Mattos, os seis filhos biológicos (Fernando, José Geraldo, Marcos, Léo, Ricardo e Ronaldo) e três adotados (Rosemere, Rosemar e Rosana). 

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