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Nasi: Abaixo o “sertanojo”

De volta ao posto de vocalista do Ira!, o paulistano de 58 anos critica a música atual — e detona, claro, os políticos

Por Tamara Nassif Atualizado em 19 jun 2020, 13h15 - Publicado em 19 jun 2020, 06h00

Como analisa o rock nacional hoje? É óbvio que o rock não tem o sucesso popular das décadas de 80 e 90, mas é um gênero que reúne um público segmentado e fiel — que é o mais importante. Modinha, agora, é o que ouvimos de música brasileira em geral.

A que exatamente se refere? Tem uma piada que fala: antes era ruim, hoje ficou pior. Vi muitos críticos em outra época falar que o rock era o câncer brasileiro. Mal sabiam eles o que os esperava. A música brega dos anos 80 e 90 é até erudita perto das músicas de hoje, dos sertanojos, dos funks sexistas, das músicas de rima pobre. Falam tanto do “sertanejo universitário” que fico pensando no nível de ensino que temos nas nossas universidades.

O novo disco da banda se chama Ira e carrega de fato o sentimento expresso no nome da banda. Por que um retorno tão furioso? Quando o disco foi composto e gravado, no fim do ano passado, nós já vivíamos a irracionalidade que tomou conta do Brasil, essa campanha política que nunca acaba. Não temos um governo, mas um candidato em eterno palanque. Isso se refletiu em algumas canções, como Mulheres à Frente da Tropa, que fala de causas urgentes no Brasil e no mundo. A música tem como referência a Marielle (Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro em 2018).

Como avalia a situação política do país hoje? Eu me sinto apreensivo, preocupado. Tenho 58 anos. Passei a juventude na ditadura militar, vivi o processo de abertura, mas nunca vi uma coisa como a banalização de termos como “intervenção militar”, “volta do AI-5”. Nunca vi um presidente tão incapaz de perceber que governa para o Brasil inteiro, não para seu núcleo minoritário. Sou de um país que já passou por dois impeachments, e nenhum deles beira a gravidade dos crimes de responsabilidade que Jair Bolsonaro cometeu. É quase um por dia.

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Em 2007, você e o guitarrista Edgard Scandurra protagonizaram uma briga pública, que chegou à Justiça. Como foi retornar ao palco com ele após tanto barraco? Nossa volta foi orgânica, aconteceu sem grandes pretensões. Liguei para o Edgard estendendo a bandeira branca e ele me chamou para cantar em um show, que acabou estimulando um movimento dentro das redes sociais pedindo a volta do Ira! Vi que minha parceria com o Edgard ainda tinha relevância. Se algum dia resolvermos dar um tempo, vai ser de comum acordo, sem mais brigas. As coisas tomaram seu prumo.

Publicado em VEJA de 24 de junho de 2020, edição nº 2692

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