Museu Van Gogh considera falso ‘caderno perdido’ do pintor
Desenhos contêm erros topográficos e foram feitos em tinta que não era usada pelo artista na época
Os desenhos que aparecem em um caderno atribuído ao pintor holandês Vincent Van Gogh, que será publicado na próxima quinta-feira, são reproduções, afirmou nesta terça-feira o Museu Van Gogh de Amsterdã. Especialistas da pinacoteca “examinaram o estilo, a técnica e a iconografia”, o que lhes permitiu constatar erros topográficos nas imagens e sugerir que seu autor se baseou em desenhos descoloridos de Van Gogh, informou o museu.
Os desenhos, que teriam sido feitos entre 1888 e 1890 no Sul da França, região onde o pintor morava na época, foram executados em tinta café, pigmento que nunca foi encontrado na obra de Van Gogh desses anos – ele usava tinta negra ou roxa que só adquiria um tom marrom ao descolorir-se com o tempo, algo que o imitador parecia ignorar.
Além disso, os especialistas encontraram erros topográficos que demonstram que o autor não estava familiarizado com as cidades francesas de Arles e Saint-Rémy, onde Van Gogh morou e onde supostamente os desenhos foram feitos. A história de como o caderno foi entregue pelo artista ao casal Ginoux de Arles – que gerenciava o café e hotel onde se alojava – e como esteve desaparecido durante 60 anos também parece “altamente improvável”, acrescentaram os especialistas.
A editora francesa Seuil apresentou nesta terça-feira o caderno como uma descoberta excepcional mais de um século depois da morte de Van Gogh, e o publicará na França, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Holanda e Japão a um preço de 75 dólares. O caderno, que possui 65 desenhos distribuídos em 288 páginas, é assinado por uma das maiores especialistas da obra do pintor holandês, a canadense Bogomila Welsh-Ovcharov.
(Com agência EFE e France-Presse)