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Museu Britânico realoca busto de fundador que era dono de escravos

A estátua de Sir Hans Sloane ganhou uma nova área, que reconhece ligação do colecionador com as práticas colonialistas do império britânico e a escravidão

Por Redação
25 ago 2020, 16h11

O Museu Britânico de Londres decidiu retirar o busto de seu fundador do pedestal onde era tradicionalmente exposto e realocá-lo para uma área que explica a sua ligação com o imperialismo britânico e a escravidão. A partir desta semana, Sir Hans Sloane, cujas relíquias foram a base para a criação da instituição, é descrito como um dono de escravos e sua estátua pode ser vista ao lado de artefatos provenientes de explorações do império britânico.

Segundo Hartwig Fischer, diretor do museu, a mudança é um passo importante no reconhecimento do passado escravista da instituição e da história do próprio país. ” O museu britânico tem trabalho bastante, aceleramos e ampliamos o trabalho em relação à nossa história, à história do império, do colonialismo e da escravidão. São assuntos que precisamos reconhecer e abordar de maneira correta. O conhecimento é a cura, não podemos esconder nada”, declarou em entrevista ao site The Daily Telegraph.

Além do busto de Sloane, artefatos coletados pelo capitão James Cook em suas viagens exploratórias também receberão novas descrições em suas etiquetas, explicando como foram adquiridos através da exploração colonial e saques militares. “O comprometimento com a transparência quando se trata de história é absolutamente crucial para reescrever o nosso passado complicado, e às vezes doloroso.”

A nova política vem em um momento de desconstrução de figuras do passado, puxado pelo movimento Black Lives Matter que, entre outras coisas, reivindica a retirada, ou a destruição, de estátuas de figuras históricas que colaboraram com a escravidão. Nesse cenários, a arte também entrou em cheque e, em agosto, o Museu Tate, também em Londres, mudou a descrição do restaurante The Rex Whistler, que era tido como “a sala mais divertida da Europa”, depois de ser acusado de endossar o racismo do mural que recobre suas paredes, o The Expedition in Pursuit of Rare Meats (A Expedição em Busca de Carnes Raras) – uma pintura feita em 1920 que, entre outras coisas, retrata uma criança negra atada a cavalos e uma carruagem através de uma corrente no pescoço. No lugar da antiga descrição, um novo texto é exibido expondo o papel do pintor na escravidão britânica, como parte de um processo de reconhecimento do passado colonialista da arte.

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Dono de cerca de 71.000 artefatos, Hans Sloane nasceu na Irlanda, mas deu nome à Sloane Square, em Londres. O colecionador ficou conhecido como o inventor das bebidas achocolatadas, mas seu passado inclui também capítulos mais sombrios, como o financiamento de empresas coloniais de tráfico negreiro, como a Royal African e a South Sea Company. Seu tesouro particular, deixado em testamento ao governo britânico, foi financiada a partir dos lucros provenientes das plantações de cana-de-açúcar mantidas com trabalho escravo pela família da esposa, e foi o pontapé inicial para a criação do Museu Britânico.

“Nós queremos ser francos sobre a coleção de Sloane estar nas raízes do Museu, e queremos colocá-la em um contexto mais amplo, e obviamente muito complicado. Eu não descreveria o museu como uma organização imperialista, mas ele foi fundado no contexto do império”, ponderou Neal Spencer, curador da nova exibição do busto de Sloan ao Telegraph UK. Spencer ainda informou que é provável que todo acervo da instituição passe por um processo de ressignificação eventualmente. “Queremos contar mais dessas histórias”

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