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Mulher que usa calças em Paris comete crime, aponta livro

Por Da Redação
24 set 2010, 14h38

Qualquer mulher que vista calças compridas em Paris comete um crime, segundo uma ordem da polícia do ano de 1800 que ainda está em vigor, revela a historiadora Christine Bard em um livro que analisa as lutas das mulheres para usar essa vestimenta masculina.

“Em 1800, uma ordem da polícia proibia as mulheres de usarem calças, só no caso de terem uma autorização. E essa lei não foi derrubada, continua em vigor”, afirmou Bard, que acaba de publicar “Une histoire politique du pantalon” (Uma história política das calças, em tradução livre).

“As calças não eram apenas o símbolo do poder masculino, mas da separação dos sexos, e uma mulher que vestia calças era acusada de se travestir. Era considerada uma ameaça à ordem natural, social, moral, à ordem pública estabelecida”, disse Bard, em entrevista à AFP.

A historiadora especializada em estudos de gênero revisa em seu livro a história dessa vestimenta desde a Revolução Francesa, em 1789.

Para as mulheres, vestir calças, atributo fundamental do poder masculino, foi “uma conquista histórica”, “um símbolo do avanço em sua luta pela libertação”, e constitui um “indicador da briga da mulher por igualdade”.

Ao se apoderar das calças, uma vestimenta que favorece a ação, a liberdade de movimento, e que está carregada de valores políticos importantes – liberdade e igualdade -, “foi um longo processo, uma luta que refletiu e contribuiu para uma mudanças nas relações entre os sexos”, explicou.

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Bard dá um espaço importante em seu livro a afirmar que as pioneiras feministas, como a escritora francesa George Sands, uma mulher rebelde e independente, que no século XIX vestia-se como um homem, de calças, paletó e gravata, como parte de seu combate político contra a “tutela do homem”.

Houve também atrizes como Marlene Dietrich, que vestia calças em Hollywood em 1933, e que “erotizou essa peça”, criando uma imagem de mulher fatal.

Durante a Segunda Guerra Mundial, nas fábricas do exército nas quais as mulheres trabalhavam, o uso das calças começou a se generalizar por razões práticas. Na Guerra Fria, a peça “increve-se no campo chamado ‘da liberdade'”, lembra.

Apareceu também nas passarelas nos anos 1960. Mas foi apenas nos anos 1970 que a mulher apoderou-se das calças, enfatizou Bard.

“O uso das calças pelas mulheres popularizou-se nos anos 1970, graças às lutas feministas, à roupa esportiva vinda dos Estados Unidos”.

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“E também graças à influência do grande estilista Yves Saint Laurent, que sonhava em criar para as mulheres o equivalente do vestuário masculino”, disse.

Yves Saint Laurent revolucionou as passarelas em 1966 com o smoking para as mulheres, que se tornou uma das peças-chave de suas coleções, até 2002, lembrou Bard.

A historiadora conclui afirmando, no entanto, que também é importante para as mulheres não usar as calças. “O que é importante é a liberdade de decidir”, disse. “Quem sabe veremos um dia a luta do homem por se apoderar da saia”, finalizou.

(Com agência AFP)

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