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Morre o apresentador Gugu Liberato, aos 60 anos de idade

Morte cerebral em decorrência de um acidente doméstico foi confirmada por neurocirurgião brasileiro levado aos Estados Unidos pela família

Por Redação
Atualizado em 22 nov 2019, 21h50 - Publicado em 22 nov 2019, 21h09

Após um longo período de especulações, foi confirmada nesta sexta-feira, 22, a morte do apresentador Gugu Liberato, aos 60 anos de idade. Na quarta-feira, 20, Gugu sofreu um acidente doméstico em sua residência em Orlando, nos Estados Unidos, e foi hospitalizado em estado grave. Segundo sua assessoria de imprensa, ele caiu de uma altura de cerca de quatro metros, quando fazia um reparo no ar condicionado no sótão, e sofreu uma lesão na cabeça, com sangramento intracraniano. “Em virtude da gravidade neurológica, não foi indicado qualquer procedimento cirúrgico. Durante o período de observação foi constatada a ausência de atividade cerebral”, diz o comunicado oficial divulgado nesta noite à imprensa. Gugu teve a morte cerebral confirmada pelo neurocirurgião brasileiro Guilherme Lepski, chamado aos Estados Unidos pela família.

“Após ver as imagens dos exames em detalhes, [o médico] confirmou a irreversibilidade do quadro clínico diante da mãe [de Gugu] Maria do Céu, dos irmãos Amandio Augusto e Aparecida Liberato, e da mãe de seus filhos, Rose Miriam Di Matteo”, diz o texto. Gugu deixa três filhos: João Augusto de 18 anos e as gêmeas Marina e Sophia de 15 anos.

“Gugu sempre refletiu sobre os verdadeiros valores da vida e o quão frágil ela se revela. Sua partida nos deixa sem chão, mas reforça nossa certeza de que ele viveu plenamente”, diz a família. “Fica a saudade, ficam as lembranças – que são muitas – e a certeza que Deus recebe agora um filho querido, e o céu ganha uma estrela que emana luz e paz.”

Ainda serão definidos detalhes do traslado do corpo ao Brasil, e o velório e enterro.

 

Uma vida intensa

Antônio Augusto de Moraes Liberato, conhecido como Gugu pelos brasileiros, nasceu em São Paulo, no dia 10 de abril de 1959. Filho de imigrantes portugueses, um caminhoneiro e uma vendedora de roupas, ele começou a trabalhar aos 12 anos de idade como office-boy de uma imobiliária. Foi coroinha e auxiliar de escritório enquanto sonhava com uma oportunidade na televisão.

A esperada porta na TV se abriu de modo surpreendente. Aos 14 anos, Liberato escrevia cartas para Silvio Santos sugerindo programas. “Mandei pelos Correios e não obtive respostas. Então, levei a carta em mãos, mas não me deixaram chegar perto”, contou Gugu durante o Domingo Show, da Record, em 2015. Para se aproximar do futuro patrão, ele se inscreveu em uma gincana do Programa Silvio Santos, apresentado, claro, pelo próprio Silvio, na Globo, em 1973. Gugu, então, entregou a carta ao ídolo. Sem outra resposta, voltou ao programa com uma segunda correspondência. Quando a entregou, Silvio o reconheceu e fez a proposta: “Você não quer trabalhar comigo?”. Assim, Liberato conseguiu seu primeiro trabalho na TV, como assistente de produção. Aos 19, chegou ao posto de produtor.

Em dúvida, cursou odontologia, antes de voltar a se dedicar à televisão e se formar em jornalismo pela Cásper Líbero, em São Paulo. Seu primeiro programa diante das câmeras foi em 1981 no antigo Sessão Premiada, do SBT. Em 1982, Silvio criou um programa aos sábados à noite, era o início do Viva a Noite, que deu vazão ao carisma de Gugu.

Gugu Liberato com Silvio Santos, em 1988 (Juvenal Pereira/Dedoc)

Da Globo ao Domingo Legal

Em agosto de 1987, aos 28 anos, no auge de Viva a Noite, Gugu assinou um contrato com a Rede Globo, porém em menos de sete meses – no Carnaval de 1988 – Silvio foi pessoalmente à sala de Roberto Marinho, dono da emissora carioca na época, pedir a liberação do apresentador para retornar ao SBT.

A proposta de Silvio era irrecusável, o salário do apresentador aumentou mais de dez vezes. Não deu tempo nem de estrear o novo programa na Globo. Gugu ficou com grande parte da programação dominical do SBT, em 1988, apresentando as atrações Passa ou Repassa, Cidade contra Cidade e Roletrando.

Sua força na grade explodiu com o popular Domingo Legal, que estreou em 1993 mas se tornou líder de audiência do canal a partir de 1997 (na faixa entre 16h e 20h), competindo diretamente com o Domingão do Faustão, na Rede Globo.

O formato do programa era baseado em apresentações musicais e brincadeiras no palco com artistas. Entre os quadros mais marcantes estavam Táxi do Gugu, a disputa entre artistas Eles x Elas — com provas disputadas entre um grupo de homens e outro de mulheres famosos —, e a polêmica Banheira do Gugu, em que mulheres de biquíni juntamente com homens celebridades entravam numa banheira ensaboada para encontrar objetos sabonetes jogados ali.

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Gugu durante gravação do quadro “Táxi do Gugu” (Claudio Rossi/Dedoc)

Carreira de cantor e ator

O sucesso na TV levou Gugu a se arriscar em outras áreas. Participou de diversos filmes dos comediantes Os Trapalhões, como O Casamento dos Trapalhões (1988) e O Noviço Rebelde (1997), além de Xuxa e os Duendes (2001). Sua carreira paralela mais bem-sucedida, porém, foi na música. Tudo por causa de A Dança do Passarinho, que ele lançou em 1984. O hit tem uma história bizarra: Gugu se interessou por ele depois de presenciar um turbilhão de idosos dançando alegremente ao som da canção original em alemão. Ele, então, fez uma versão em português. O sucesso foi tanto que colocou até o apresentador Fausto Silva – então no Perdidos na Noite, da TV Record – para dar uns passinhos na coreografia. Outros sucessos de sua fugaz carreira na música são Pintinho Amarelinho e Docinho.

Empresário

Liberato tinha uma forte veia empreendedora, herança de seu pai. “Ele sempre me dizia que eu jamais passaria fome: bastava comprar um cacho de bananas e vender, pelo dobro do preço, em qualquer farol”, disse o apresentador sobre o ensinamento paterno. Não à toa, ele apostou em áreas diversas para além da vida diante dos holofotes. Fundou a produtora de vídeos GGP, entrou para o ramo alimentício e imobiliário e até investiu em postos de gasolina. Entre suas investidas mais populares, Gugu foi empresário no ramo musical: os grupos Dominó, Banana Split e Polegar, por exemplo, foram lançados pelo apresentador.

“Meu pai sempre me dizia que eu jamais passaria fome: bastava comprar um cacho de bananas e vender, pelo dobro do preço, em qualquer farol”

Gugu Liberato, sobre a veia empreendedora que herdou do pai

Ida para a Record

Depois de 28 anos no SBT, Gugu Liberato surpreendeu ao anunciar em junho de 2009 que trocaria a emissora de Silvio Santos pela Rede Record. O contrato foi assinado com duração de oito anos e um salário de 3 milhões de reais mensais. Em agosto do mesmo ano, o apresentador estreou na emissora com sua atração dominical, o Programa do Gugu — bateu 16 pontos no Ibope e concorreu diretamente com o Fantástico, mas o sucesso durou pouco e um ano depois a audiência despencou.

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Entre altos e baixos e rumores de que o apresentador estaria insatisfeito com os constantes corte de verbas de sua produção, Gugu deixou a emissora em 2013, quatro anos antes do fim de seu contrato. “Muita gente tem me perguntado o porquê. E eu respondo: porque tinha que ser, é simples assim”, disse sobre a saída.

Gugu Liberato, apresentador da Record (Antonio Chahestian/Record TV/Divulgação)

Gugu tirou um período sabático, mas a “aposentadoria” durou apenas dois anos — no início de 2015, a Record anunciou que traria o apresentador de volta com uma nova atração intitulada apenas como Gugu. Inicialmente, o programa contava com entrevistas, games, quadros e desafios. Chegou ao fim em dezembro de 2017.

Gugu renovou o contrato com a emissora e assumiu em 2018 o reality show Power Couple Brasil, tomando o lugar de Roberto Justus à frente do jogo de casais. Em julho deste ano, assumiu outro reality, o programa Canta Comigo — versão brasileira do formato original britânico All Together Now, que coloca anônimos para performar diante de 100 jurados profissionais da música.

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A Rede Record emitiu uma nota de pesar.

“A Record TV teve a honra de contar com o talento de Gugu Liberato na sua programação ao longo de dez anos. Na tela da emissora, ele levou ao público diversão, humor, grandes entrevistas e muita emoção. Profissional versátil, transitou em diversos gêneros com uma desenvoltura ímpar, realmente única na televisão brasileira”, diz o início do texto, que em seguida relembra a trajetória do apresentador na emissora.

“Expressamos nossas condolências aos familiares, amigos e admiradores do trabalho deste profissional que ajudou a escrever a história da televisão brasileira”, finaliza a nota.

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