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Morre aos 89 anos a atriz Jeanne Moreau, ícone do cinema francês

A protagonista de "Uma Mulher para Dois" (1962) e de "A Noiva Estava de Preto"(1967), de Truffaut, se destacam também por "A Noite" (1962)

Por Da redação
Atualizado em 31 jul 2017, 15h33 - Publicado em 31 jul 2017, 08h15

A atriz e diretora Jeanne Moreau, considerada a grande dama do cinema francês, morreu nesta segunda-feira, aos 89 anos de idade. A atriz, que trabalhou com os maiores diretores da cinematografia francesa, como François Truffaut, Louis Malle e André Téchiné, foi encontrada morta nesta manhã em sua casa em Paris por sua empregada doméstica, segundo a revista Closer.

Moreau, “a melhor atriz do mundo”, segundo Orson Welles, e a primeira mulher acadêmica de Belas Artes na história da França, fez parte da nouvelle vague e foi musa de nomes como Luis Buñuel, com quem trabalhou em O Diário de uma Camareira (1964).

“Esta tristeza não acabará nunca, mas a alegria de lembrá-la estará sempre conosco”, escreveu no Twitter, após a notícia da morte, o Unifrance, órgão encarregado da promoção do cinema francês no exterior.

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Nascida em 23 de janeiro de 1928, de pai francês e mãe britânica, Jeanne Moreau estreou no teatro em 1947, aos 19 anos, com a peça La Terrasse de Midi, apresentada no Festival de Avignon. Ela integrou a Comédie-Française e participou no primeiro Festival de Avignon em 1947, sob a direção artística de Jean Vilar, antes de retornar ao mesmo evento, 60 anos mais tarde.

A protagonista de Jules e Jim – Uma Mulher para Dois (1962) e de A Noiva Estava de Preto (1968), de Truffaut, teve uma ampla trajetória, na qual se destacam, entre mais de cem filmes, longas belíssimos como A Noite (1961), de Michelangelo Antonioni, e Duas Almas em Suplício (1960), de Peter Brook, que lhe valeu o prêmio de melhor interpretação feminina em Cannes.

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Entre seus últimos filmes, está O Gebo e a Sombra (2012), do cineasta português Manoel de Oliveira, morto em 2015 aos 106 anos.

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Atriz poliglota e internacional, que se destacou também como cantora, Jeanne foi prêmio César, o Oscar da França, de melhor atriz em 1992 por La Vieille qui Marchait dans a Mer, de Laurent Heynemann, e presidiu o júri de Cannes em 1975 e 1995. Jeanne Moreau presidiu também o júri da Seção Oficial do 54º Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, em 2006. Em 1998, recebeu um Oscar honorário pelo conjunto de sua carreira das mãos de Sharon Stone. Dez anos depois recebeu um Super César, uma homenagem da Academia de Cinema francesa.

Seu talento, beleza fora do comum e voz profunda fascinaram grandes cineastas, como Joseph Losey (Eva), Wim Wenders (Até o Fim do Mundo) e Orson Welles (História Imortal).  “Tenho dentro de mim uma espécie de energia que não controlo”, explicou a artista, para quem o cinema não era uma carreira, e sim uma vida. “Para mim, o cinema nunca foi uma indústria. Não me importa meu valor na bilheteria”, afirmou uma vez.

A atriz, que trabalhou até os 87 anos, pensava que com o tempo e o sucesso fazer seu trabalho estava se tornando “cada vez mais difícil”, sobretudo diante da “tentação, à qual não se deve ceder, de fazer qualquer coisa para agradar o público, ao invés de fazer aquilo com o que estamos profundamente de acordo”.

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“Com ela, desaparece uma artista que encarnou o cinema na sua complexidade, na sua memória, na sua defesa”, afirmou em nota o presidente francês, Emmanuel Macron, que a definiu como uma mulher rebelde contra “a ordem estabelecida e a rotina”.


Ícone feminista

Jeanne Moreau interpretou várias mulheres rebeldes, inconformadas e à margem da sociedade. Em Duas Almas em Suplício, de Peter Brook, que rendeu a ela o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes em 1960, deu vida a uma mulher da burguesia insatisfeita, atormentada.

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Em Jules e Jim, de François Truffaut (1962), um dos filmes mais cultuados da nouvelle vague, encarnou uma mulher livre e moderna, enquanto em A Noiva Estava de Preto (1967) matou cinco homens por vingança a sangue frio.

Também cenógrafa e diretora de filmes como No Coração, a Chama (1976), Jeanne Moreau foi casada com Jean-Louis Richard, pai do seu filho, Jérôme, e posteriormente por dois anos com William Friedkin, aos quais se somam outras relações. “Seduzi muitos homens. Sempre me apaixonei por homens com talento. Não tive amantes apenas para tê-los”, disse ela, certa vez.

(Com agências France-Presse e EFE)

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