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‘Moralismo do público não vai me segurar’, diz Walcyr Carrasco, de ‘Verdades Secretas’

Trama vai abordar temas espinhosos do mundo da moda e explorar ‘os sentimentos mais primários’, promete o protagonista Rodrigo Lombardi

Por Beatriz Rosa
29 Maio 2015, 20h19

Painéis enfeitavam as paredes e recriavam os arranha-céus de São Paulo com as luzes do trânsito em cores vibrantes. Espalhados por todo o salão, os lustres de cristais não economizavam no glamour e até as bandejas de servir quitutes passavam entre os convidados recheadas de pérolas, símbolo do desejo proibido. A banda que tocava ao vivo, apoiada em metais, ajudava a compor o ambiente de festa digna de final de temporada de São Paulo Fashion Week e, ao redor, grupos de modelos longilíneas em figurinos impecáveis brindavam com o melhor champanhe do lugar. O espaço Casa Bossa recebeu nesta quinta artistas, jornalistas e convidados para a festa de lançamento da próxima novela das onze, Verdades Secretas, de Walcyr Carrasco, com estreia prevista para 8 de junho, na Globo. A trama, que vai tratar do lado obscuro das agências de modelos, promete abordar questões controversas do mundo fashion.

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“Há quinze anos, eu trabalhei na Vogue e o mundo da moda me fascinou. Eu sempre tive a certeza de que escreveria sobre isso, só não sabia se seria uma novela. Hoje, eu realizo uma vontade antiga”, disse o autor da trama Walcyr Carrasco. Sentado em uma mesa reservada no fundo do salão, ele observava todos os movimentos da festa enquanto era parabenizado por uma fila de convidados que se formou ao seu redor. “Por estar ligado à imprensa, eu usei a minha curiosidade jornalística para pesquisar a realidade que existe por trás das passarelas. O consumismo chegou a um nível em que a pessoa é capaz de fazer qualquer coisa por uma bolsa.”

Drogas, prostituição, festas, noitadas, traição, sexo, glamour, poder e jogo de interesse são alguns dos temas explorados por Verdades Secretas. Reynaldo Gianecchini, por exemplo, vive Anthony Mariano, um modelo decadente que o ator define como “amoral”. Acostumado com o luxo bancado pela família, o bonitão não sabe lidar com a falência e inicia um relacionamento com Fanny, mulher mais velha interpretada por Marieta Severo e que passa a bancar o rapaz. “Quando o Walcyr me chamou, ele só me deu um recado: se prepara que o seu personagem é capaz de tudo para conseguir o que quer. Então, ele vai se vender muito ao longo da trama. E eu tenho medo de como essa patrulha exacerbada do público vai reagir. Mas, apesar dessa censura conservadora que estamos vendo, acho que a gente deve contar sim algumas coisas, nem que seja para criar um ponto critico. É muito chato quando as pessoas se acham no direito de podar um trabalho”, diz Gianecchini.

O autor, contudo, se mostra corajoso – ele fala do alto da condição de primeiro dramaturgo a escrever um beijo gay para uma novela da Rede Globo, Amor à Vida. Para ele, o país passa por ondas de conservadorismo, mas isso não deve ser obstáculo para se contar boas narrativas. “Quando escrevi a novela, eu queria contar essa trajetória que faz parte da nossa realidade, de pessoas que abrem mão da dignidade, dos valores humanos, por algo que é rápido e passageiro. Eu não me preocupo com a reação do espectador, isso não vai me impedir de falar a verdade, mesmo que incomode”, diz.

Outro desafio da trama é lidar com atores jovens e um núcleo feito só de modelos, em sua maioria estreantes em um folhetim. “Foram três meses de trabalho com o preparador de elenco Sergio Pena. Essa é a primeira vez que eu faço uma personagem completa. Antes só fazia participações como a Angel da Victoria Secrets”, contou a top Alessandra Ambrósio, ela própria uma iniciante, que desfilou pela festa em um vestido preto de fendas instigantes. Alessandra viverá a modelo Samia.

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Apesar de já ter uma carreira consagrada nas passarelas e acumular anos de experiência, a top afirma nunca ter conhecido garotas que fizeram parte do “book rosa”, catálogo de modelos dispostas a fazer programa. “Nunca chegou até mim a situação, mas já ouvi casos”, conta. A também modelo Agatha Moreira, 23 anos, que vai fazer Giovanna, a filha do empresário Alex (Rodrigo Lombardi), confirma a existência do “book rosa”, um dos pontos nevrálgicos da novela. “O Walcyr não escreveu nada fora da realidade. Esse mundo tem todo um glamour, as aparências enganam”, afirma. Na trama, a sua personagem vai se envolver com drogas e fazer de tudo para chocar e ser notada. “Nós tivemos o auxílio de uma profissional que explicou todos os efeitos do uso e da dependência das drogas, assim me sinto segura para interpretar qualquer cena”.

Giovanna será também rival da protagonista Arlete, papel de outra modelo estreante, Camila Queiroz, de 21 anos. No folhetim, Camila, que estava acompanhada do namorado na festa, vai ser fonte de desejo e disputa do empresário Alex. “Amanhã, vou fazer a primeira cena mais íntima da Angel, nome artístico da minha personagem, com o Alex. Para mim, ainda é difícil, a cada nova gravação eu sinto como se estivesse tendo uma aula dos outros atores.”

Rico, poderoso e sem limites, assim será o empresário interpretado por Rodrigo Lombardi. Apesar disso, Lombardi garante que ele tem suas culpas e anseios. “Ele tem seus medos, mas acha que pode tudo. A novela não vai ser maniqueísta. O bonzinho nem sempre é certinho. Vamos trabalhar com o humano e com os sentimentos mais primários”, disse. Medo.

Se Lombardi lidera o núcleo dos personagens com ética duvidosa, Drica Morais salientou as boas intenções de Carolina, a mãe apaixonada e devota que irá interpretar. Drica foi convidada de ultima hora a integrar o elenco. Anteriormente, Deborah Secco estaria no papel, mas deixou a trama ao descobrir sua primeira gravidez. “A minha parceria antiga com o Walcyr e os meus anos de experiência acumulada em novelas me dão segurança para aceitar esse convite que foi inesperado, mas muito bem estruturado. Além disso, a Carolina não é uma personagem complexa. Ela é uma mãe batalhadora e que não tem autopiedade. Ela é a típica brasileira com valores simples, como a solidariedade, amizade e compaixão”, afirmou.

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Sentimentos estes, aliás, que se tornaram o assunto da noite quando a banda foi interrompida por um discurso emocionado de Carrasco, que agradeceu ao diretor Mauro Mendonça Filho e disse que nunca antes uma novela dele foi pensada em tamanha comunhão como a atual.

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