Michael Moore estreia na Broadway com ataque a Trump
Monólogo explora a tormentosa ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos
O cineasta (e provocador) Michael Moore fará sua estreia no teatro com um monólogo que explora a tormentosa ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e a resistência que o magnata desperta em boa parte da população. The Terms of My Surrender (Os termos da minha rendição, em tradução direta) tem pré-estreia prevista para 28 de julho no Teatro Belasco, na Broadway, em Nova York.
O espetáculo foi descrito por seus produtores como um “um show de um homem só revigorante e subversivo que certamente levará as plateias por uma viagem aos Estados Unidos da Insanidade”. O show traz uma interpretação da eleição de Trump e indica, segundo comunicado do Teatro Belasco, “onde é melhor jantar antes de cruzar as montanhas com a família Von Trapp rumo ao Canadá” — uma alusão ao musical A Noviça Rebelde, em que uma família foge da Áustria sob domínio nazista. “Para derrubar um presidente, é preciso um ato na Broadway”, acrescenta o texto.
Moore, que começou sua carreira como jornalista na imprensa escrita, tornou-se célebre ao combinar um ferrenho ativismo de esquerda com comentários humorísticos pessoais em filmes parciais como Tiros em Columbine, um mergulho na cultura das armas nos Estados Unidos, e Fahrenheit 9/11, sobre a “guerra contra o terrorismo” declarada pelo ex-presidente George W. Bush.
Conhecido pela aparência desalinhada e pelo indefectível boné de beisebol, o cineasta segue morando em Michigan, seu Estado natal. No ano passado, ele previu, com sucesso, que Estados industriais do Meio-Oeste americano, como o seu, inclinariam as eleições a favor de Trump em um momento em que a maioria dos analistas acreditava que o bilionário nova-iorquino do setor imobiliário não tinha chances diante da democrata Hillary Clinton, candidata de Barack Obama.
The Terms of My Surrender tem direção de Michael Mayer, que colaborou com o grupo de punk rock Green Day em seu musical de forte conteúdo político American Idiot e ganhou um prêmio Tony pelo musical de rock de Duncan Sheik, Spring Awakening.
A Broadway, no entanto, pode ser implacável com celebridades do mundo da música e do cinema, como aconteceu com o astro de rock Sting e a apresentadora de TV Rosie O’Donnell, cujas produções ao vivo não tiveram o desempenho esperado.
Playlist anti-Trump
Outra prova de que a arte vem sendo usada para atacar Donald Trump é a investida no Spotify do líder dos senadores democratas americanos, Chuck Schumer, que elaborou uma lista de músicas contra o presidente republicano. Trump acaba de concluir seus primeiros 100 dias de mandato.
A seleção de Schumer, em sua maioria de canções pop, tem músicas do The Who, caso de Won’t Get Fooled Again (Não seremos enganados novamente, em tradução livre), e duas de Stevie Wonder, You Haven’t Done Nothin’ (Você não fez nada) e He’s Misstra Know-it-All (Ele é o sr. sabe tudo). Várias canções fazem alusão às críticas contra o presidente pela liberdade com a qual ele interpreta os fatos: Lies (Mentiras), de Thompson Twins, Lyin’ eyes (Olhos mentirosos), dos Eagles, e Beautiful Liar (Belo mentiroso), de Beyoncé e Shakira.
Também há referências ao gosto do presidente pelas estadias em seu luxuoso clube de Mar-a-Lago, na Flórida, com Working for the Weekend (Trabalhando para o fim de semana), de Loverboy, e 9 to 5 (9h às 17h), de Dolly Parton.
Trump e Schumer, ambos nova-iorquinos, se conhecem há tempos mas nunca se deram bem. Trump zombou do senador democrata quando ele se emocionou, chegando a chorar, ao falar em público contra a decisão do governo do republicano de proibir a entrada de cidadãos de vários países muçulmanos e de refugiados nos Estados Unidos. Talvez em referência a este episódio, Schumer incluiu na lista The Tears of a Clown (As lágrimas de um palhaço), de Smokey Robinson e The Miracles.
A lista do Spotify chega ao fim com o hit do rapper canadense Drake Hotline Bling, com seu refrão You Used to Call me on My Cell Phone (Você costumava ligar para o meu celular). Schumer, como Trump, não é conhecido pela habilidade tecnológica. O senador de 66 anos ainda utiliza um celular de flip que possivelmente não lhe dá acesso ao Spotify.
(Com agência France-Presse)