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Longa sobre José Aldo é bom e raro filme de ação brasileiro

‘Mais Forte que o Mundo’, do diretor Afonso Poyart, conta a história do lutador de UFC manauara

Por Rafael Aloi
18 jun 2016, 11h24

O manauara José Aldo tem apenas 29 anos, mas já se tornou um ícone do esporte com uma cinebiografia, Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo, que acaba de entrar em cartaz. O longa é protagonizado por José Loreto (de novelas como Haja Coração) e dirigido por Afonso Poyart (2 Coelhos), que atuou como produtor em Hollywood, no filme Presságios de Um Crime, e busca elevar o nível dos filmes de ação no Brasil. E consegue.

O filme começa com a adolescência do lutador na periferia de Manaus, onde tem o primeiro contato com o jiu-jitsu. Em 2004, ele se muda para o Rio de Janeiro, onde viverá na mesma academia em que treina. Com o apoio da sua esposa, Vivi (Cleo Pires), e do treinador, Dedé (Milhem Cortaz), ele une o talento e a vontade de vencer para alcançar o título de campeão mundial do UFC, na categoria peso pena, em 2010.

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O longa não é focado na modalidade: ele mescla o universo cheio de ação das lutas e brigas de Aldo com um drama familiar. Grande parte do roteiro é centrado na relação dele com a família, em especial com o pai alcoólatra, muito bem interpretado por Jackson Antunes. O patriarca age como um fantasma do passado, sempre presente no subconsciente do lutador. As lembranças conturbadas afetam a vida pessoal e profissional de Aldo, ao mesmo tempo em que a raiva e o amor evocados pela imagem do pai o impulsionam nas lutas.

Realidade ou ficção? – Vale frisar que a produção não é um documentário, e é apenas inspirada em uma história real. Afonso Poyart não era fã de UFC antes do começo do projeto e precisou entrevistar José Aldo várias vezes para a construção do roteiro, que o diretor assina junto com o escritor Marcelo Rubens Paiva. “A gente teve que pedir a autorização dele. Eu o conheci pessoalmente, me encantei com ele, com essa questão com o pai, que para mim era o alicerce do filme”, explica o cineasta.

Apesar dessa participação do lutador, o filme possui um texto romanceado. Um exemplo é a personagem Luiza (Paloma Bernardi), que o diretor admite nunca ter existido e ter sido inserida na história para criar uma ponte entre a vida do lutador no Rio de Janeiro e em Manaus, e também para trazer conflitos que movimentassem a trama.

Além de servir de base para o roteiro, José Aldo ajudou na preparação do protagonista José Loreto, que pratica judô desde os 5 anos e, por sete meses, treinou lutas diariamente para assumir o papel. “Fui ficando amigo, ia à academia dele, treinava com ele. O pessoal de lá até brinca, dizendo que a gente disputa para ver quem é mais feio. Ele foi o único atleta que teve pena de mim, de me bater, porque todos os outros me acertavam forte, mesmo. Todos me tiraram um pedacinho, me deixaram com uma dorzinha gostosa”, conta o ator, que quis fazer todas as cenas de luta sem dublê. E sem medo de apanhar.

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Algumas dessas cenas foram baseadas nos vídeos das lutas reais que José Aldo enfrentou durante a carreira, mas com alguns golpes adaptados e uma coreografia “mais limpa”, para ficar visualmente melhor no cinema. A produção do filme também contou com um apoio do próprio UFC, o Ultimate Fight Championship. “Eles são sócios do filme, nos ajudaram com material e filmamos dentro dos eventos deles”, explica Poyart.

Poyart uma promessa – O estilo de Poyart, já percebido no ótimo 2 Coelhos, retorna com eficiência neste novo longa, com um trabalho de fotografia e efeitos visuais muito bem executado e criativo. O uso da câmera lenta durante as lutas dá mais ênfase aos golpes e aumenta o tom dramático das cenas, como quando ele enfrenta o seu rival de adolescência, Fernandinho (Rômulo Neto), que muitas vezes se manifesta como um alter-ego do protagonista, em uma forte briga na chuva. O diretor intercala o slow motion com sequências mais ágeis, evitando assim que ele se torne cansativo e perca a sua força na produção.

O diretor desponta como um dos grandes talentos do cinema nacional no gênero de ação, principalmente depois de construir com eficiência uma boa narrativa em um filme de luta, algo pouco visto no Brasil. Ainda assim, Poyart diz que o cinema brasileiro, dominado por comédias, sofre muitas limitações financeiras. “É difícil fazer um filme de ação em qualquer lugar, demanda muito tempo, planejamento e dinheiro. E se torna ainda mais difícil no Brasil por causa da questão financeira. Custa caro e depende de muita gente. Mas há muitos profissionais capazes aqui no Brasil para fazer cenas de ação, de tiro e até de luta, que é uma coisa pioneira aqui no Brasil. A parte de luta, que é novidade, foi com certeza a mais difícil. Eu já tinha feito tiroteios e perseguições, mas luta me deu medo”, pondera.

A trama de Mais Forte que o Mundo é, no seu início, um pouco difícil de ser assimilada, justamente por misturar drama, romance e ação, e porque muitas coisas acontecem ao mesmo tempo – seja na realidade, seja no subconsciente do protagonista. Mas a boa narrativa proposta pelo diretor supera esse problema e apresenta uma história emocionante, mesmo para os que não são fãs de MMA. No fim, Poyart apresenta um bom filme de ação nacional, com um forte cuidado estético, e que consegue elevar o nível da produção do gênero no país.

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