Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Lendária banda The Who volta à cena com biografia sobre Keith Moon

O mais pirado dos integrantes do grupo inglês inglesa foi um dos maiores bateristas da história do rock

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 nov 2021, 08h00

O grupo britânico The Who inaugurou nos anos 60 a onda de destruição de instrumentos no palco, com o momento do “sacrifício” da guitarra de Pete Townshend. Para não ficar atrás, o baterista Keith Moon passou também a despedaçar seu kit ao final de cada espetáculo. Para além da pancadaria, havia uma química musical furiosa entre os dois. Mestres dos acordes poderosos, Townshend era literalmente empurrado pela locomotiva rítmica de Moon, cabendo ao baixista John Entwistle, conhecido como “dedos de trovão”, preencher os espaços com rajadas de som à altura da dupla. À frente dos três solistas ensandecidos tocando ao mesmo tempo havia ainda o frontman Roger Daltrey girando o microfone pelo fio e encarnando o personagem Tommy, o garoto cego, surdo e mudo protagonista da ópera-rock homônima (aliás, a criação desse gênero foi outra invenção da banda).

The Who Definitive

Ao lado dos Stones, o The Who é o único remanescente da chamada invasão britânica aos Estados Unidos da década de 60, mas somente Townshend e Daltrey carregam hoje a chama (com 76 anos e 77, respectivamente). Entwistle sofreu um infarto fatal em 2002 e Moon morreu em 1978. Agora, é por meio de um mergulho na personalidade destrutiva e rebelde do baterista que o legado do grupo vem novamente à tona, na forma da biografia Keith Moon — A Vida e a Morte de uma Lenda do Rock, escrita pelo jornalista britânico Tony Fletcher e que acaba de chegar ao Brasil, com um atraso de mais de duas décadas desde seu lançamento, em 1998 — e uma revisão ampliada em 2005.

VIDA LOUCA - Quarteto original: Entwistle, Townshend, Daltrey e Moon -
VIDA LOUCA - Quarteto original: Entwistle, Townshend, Daltrey e Moon – (King Collection/Photoshot/Getty Images)

Curiosamente, o livro com acabamento de luxo segue dois outros lançamentos literários da banda no país neste ano: A Era da Ansiedade, uma aventura de Pete Townshend pela ficção, e a autobiografia Valeu, Professor Kibblewhite, do vocalista Roger Daltrey. O revival do interesse pelo grupo em plena era digital não ocorre por caso. “O streaming mudou o consumo no mercado musical. Se antigamente ouvíamos só o que era lançado na nossa época, hoje um adolescente escuta The Who e Billie Eilish na mesma playlist”, disse Fletcher a VEJA.

Continua após a publicidade

CD Duplo The Who – Live At The Fillmore

Os fãs de Billie Eilish, porém, podem ficar boquiabertos diante da vida louca de Keith Moon. Nascido no pós-guerra, em 1946, e filho de uma família suburbana de Londres, Moon não queria ser igual ao pai, um operário, e encontrou no rock and roll a válvula de escape para gritar suas frustrações. O jeitão debochado e autodestrutivo atraiu uma série de mitos ao seu redor. “Ele acumulou várias vidas em uma só. Talvez a maior lenda sobre Moon envolva seu aniversário de 21 anos, quando ele teria jogado um carro dentro de uma piscina. É mentira. E eu não fiquei feliz em arruinar essa história”, afirma Fletcher.

KEITH MOON: A VIDA E A MORTE DE UMA LENDA DO ROCK, de Tony Fletcher (tradução de Paulo Alves; Belas Letras; 944 páginas; 129 reais) -
KEITH MOON: A VIDA E A MORTE DE UMA LENDA DO ROCK, de Tony Fletcher (tradução de Paulo Alves; Belas Letras; 944 páginas; 129 reais) – (./.)

Este é o grande mérito da obra: encontrar a versão mais próxima da verdade dos obscuros fatos da vida do roqueiro. Entre eles o mais traumático de todos: a morte do motorista Neil Boland. Moon se culpava de ter atropelado o motorista após tentar fugir de uma confusão em um pub em Londres, em 1970. Fletcher, porém, afirma que Moon não dirigia o carro e desmente a narrativa de que a briga foi motivada por uma gangue de skin­heads. O fato é que o baterista assumiu a responsabilidade pessoal, legal e emocional pela morte, o que o afetou profundamente. “Foi um ponto de virada na vida dele”, diz o autor.

Continua após a publicidade

Keith Moon: A vida e a morte de uma lenda do rock

Os dias que antecederam a morte do superbaterista, em 7 de setembro de 1978, vítima de uma overdose de remédios usados para controlar o alcoolismo, também foram meticulosamente investigados. Na ocasião, Moon tentava se livrar do vício e evitava eventos que pudessem servir de gatilho para a bebida. Justamente por isso Fletcher diz não acreditar na hipótese de suicídio. “Não acho que ele queria se matar, mas acredito que uma morte como essa era inevitável”, disse o autor. “Foi uma vida muito louca e muito rápida.” A pancadaria do The Who, com a ruidosa participação de Moon, porém, continua mais viva do que nunca.

Publicado em VEJA de 17 de novembro de 2021, edição nº 2764

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

The Who Definitive
The Who Definitive
CD Duplo The Who - Live At The Fillmore
CD Duplo The Who – Live At The Fillmore
Keith Moon: A vida e a morte de uma lenda do rock
Keith Moon: A vida e a morte de uma lenda do rock

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.