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Leitores de ‘Game of Thrones’ se tornam ‘gurus’ para público da série

Episódios da TV deixam os fãs sedentos por mais detalhes da história, e o caminho mais rápido é recorrer a quem já acompanhava a trama pelos livros

Por Patrícia Villalba
1 jun 2014, 10h10

Os fãs de Game of Thrones podem ser divididos em duas ‘castas’: aqueles que assistem apenas à adaptação de David Benioff e DB Weiss para a série exibida pela HBO e os que, além disso, leram As Crônicas de Gelo e Fogo, de George RR Martin. Tanto nos livros quanto na TV, a trama demanda atenção redobrada, e quem não tem o ‘reforço’ dos livros pode ficar em desvantagem. Mas não é preciso necessariamente se debruças sobre as 4.356 páginas (na edição americana) dos cinco livros publicados até agora. O caminho mais curto – e que tem se tornado cada vez mais comum – é recorrer aos fãs leitores, que se tornaram praticamente “gurus” para quem se perde em uma conspiração ou outra de Westeros.

O fã Thiago Martins, no trono de ferro de 'Game of Thrones'
O fã Thiago Martins, no trono de ferro de ‘Game of Thrones’ (VEJA)

A série não exige do telespectador o conhecimento prévio dos livros, mas provoca uma vontade de querer saber mais, entender melhor alguns pontos – e este é um dos segredos do sucesso. “Quando o episódio vai ao ar, sempre tem alguém que vem perguntar alguma coisa. E eu pergunto: ‘Quer saber mesmo?’. Alguns detalhes você não consegue explicar sem soltar spoilers. Se a pessoa não se importa, eu conto”, diverte-se o vestibulando paulista Thiago Martins, de 18 anos. Cansado dos questionamentos constantes, o universitário baiano Rafael Bacellar, de 21 anos, é mais direto: “Leia os livros”. É o conselho que dá a todos os amigos que dividem com ele o fanatismo pela série. E quem quiser debater mais, ainda pode recorrer ao site para onde ele escreve, o GameofThronesBR, criado pela mestranda em Ciência da Computação, Lidiany Cerqueira Santos, de 26 anos. “Quando comecei a ler os livros, em 2010, senti falta de um site dedicado à história no Brasil”, conta ela.

Os livros de Martin chegaram ao Brasil – segundo maior mercado de Game of Thrones após os Estados Unidos – pela editora LeYa, já no esteio da notícia de que haveria uma série da HBO baseada neles. Com o primeiro volume publicado originalmente em 1996, a saga será contada em sete livros, prometeu o autor. O quinto e último, intitulado A Dança dos Dragões, foi publicado em julho de 2011 e, como Martin tem demorado a escrever, a TV acabou encostando nos livros nesta quarta temporada. Além dos apelos “Escreve, Martin” que circulam na internet, a situação criou uma emoção a mais para os que acompanham a trama. “Os produtores correram bastante e, agora, não sei o que vai acontecer com alguns personagens, já que a história deles acabou nos livros”, observa Thiago. “Esta temporada incluiu novidades até para quem acompanha os livros. Algumas pessoas estão curtindo, mas boa parte tem medo de que George não termine antes da série e que o final seja antecipado pela HBO”, explica Lidiany.

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Os roteiristas sabem como a história vai terminar, só não conhecem o caminho até lá. Weiss e Benioff andaram trocando informações com Martin sobre como agir daqui em diante. “Os roteiristas estão introduzindo algumas alterações, que por vezes até melhoram o contexto da história, mas nem sempre são bem vistas pelos fãs. Um exemplo: o estupro de Cersei (Lena Headay), que não ocorreu nos livros”, detalha Rafael, acrescentando: “Alguns personagens já morreram na série e continuam vivos nos livros. George, inclusive, já disse que isso vai criar um efeito borboleta em relação ao desenvolvimento da trama”. Neste novo cenário, os fãs-oráculos se tornaram ainda mais valiosos, pois não basta mais entender um determinado acontecimento – é preciso saber ainda se ele está nas páginas dos livros. “Nesse contexto, é melhor considerar que são duas histórias diferentes. Minha curiosidade é se Martin vai usar o que foi criado para a série nos próximos livros ou se os personagens terão destinos diferentes”, observa Thiago.

Diante do desafio sem precedentes de adaptar a literatura, não dá para exigir fidelidade extrema da produção. Para grande parte dos leitores, porém, a transposição está aprovadíssima, como se percebe nos comentários nas redes sociais. Há os preciosistas, claro. Após a exibição do sétimo episódio, no dia 18, alguns reclamaram no Twitter que, ao atirar Lyza (Kate Dickie) da porta da Lua, Mindinho (Aidan Gillen) disse que sempre amou “sua irmã” em vez de “apenas Cat”, como Martin escreveu. “A série faz os seus desvios mas, de uma maneira ou de outra, acaba voltando para onde deveria. O principal continua ali. E, convenhamos, não é uma história fácil de ser adaptada”, admite o paulista. O próprio Martin já havia considerado a adaptação uma “missão impossível”. As Crônicas de Gelo e Fogo têm cenas grandiosas, de cabeças arrancadas a mar pegando fogo, além de dragões e lobos gigantes. “Por questões como tempo e orçamento, muitas vezes os produtores não conseguem mostrar as coisas exatamente como acontecem nos livro. Mas a surpresa é grande quando eles conseguem fazer do jeito que você imaginou”, empolga-se Rafael.

Além das viagens criativas de Martin, os livros têm uma estrutura complexa, na qual cada capítulo é contado sob o ponto de vista de um personagem diferente. Esse foi um importante desafio para a série, segundo disse Weiss recentemente numa palestra no Rio. “Nos livros, o que não é visto pelos personagens narradores é só mencionado ou fica subentendido. Na TV, não temos essa restrição, então é comum vermos coisas que não vimos nos livros”, compara Rafael. “Isso é muito bom, ainda mais quando as questões são resolvidas nos episódios escritos pelo Martin (o autor tem escrito um por temporada)”, completa Thiago. Sem dúvida um excelente divertimento, a série tem não só batido seus recordes de audiência – o último foi o mais visto, com 8,6 milhões de telespectadores nos Estados Unidos -, mas se firmado como um fenômeno pop também pela capacidade de gerar fatos, teorias conspiratórias, paródias, piadas, HQs e animações e todo o tipo de homenagem dos fãs, material que acaba preenchendo os intervalos (torturantes) de um ano.

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