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‘Lado a Lado’ revive o Rio histórico dos anos 1900

Por Da Redação
10 set 2012, 16h02

A Globo aposta na nostalgia de um tempo que a gente não viveu para seduzir a audiência das 18h com sua nova novela das 6. “Lado a Lado” começa nesta segunda-feira, resgatando um Rio de Janeiro dos anos 1900 e colocando em cena dois autores estreantes na condição de titulares do gênero: Cláudia Lage e João Ximenes Braga. Mas a dupla não está à deriva. Estreia abençoada pela supervisão de Gilberto Braga e pela direção de núcleo de Dennis Carvalho.

Se o título da história poderia ser sobre qualquer coisa, como mandam os batismos genéricos adotados pelas novelas de hoje, o contexto abordado ali está longe de encontrar pares na história do País. Lá está um Rio que via subir para o morro sua primeira favela, a da Providência, em consequência à abertura das primeiras grandes avenidas da cidade. Tempo e espaço trazem à tona os primeiros acordes do samba e os primeiros chutes a gol de um esporte ainda elitista, o tal do football. A sociedade apresentava, então, mulheres que mal podiam se manifestar pelo trabalho e pelos estudos, sem que isso causasse estranhamento na família e na sociedade.

Na linha de frente, a novela tem dois, em vez de um, casais protagonistas: Lázaro Ramos e Camila Pitanga dão conta das mazelas da recente herança escravocrata, enquanto Marjorie Estiano se apega à bandeira da emancipação da mulher, tendo Tiago Fragoso como par. A vilã fica com Patrícia Pillar, com aquela personagem que de uma hora para outra deve se habituar à liberdade dos negros e à perda paulatina de vantagens antes desfrutadas pelos mais abastados, donos de títulos de nobreza, como é o seu caso.

Em conversa sobre a novela com a reportagem no Jardim Botânico do Rio, João Ximenes Braga e Cláudia Lage deixam claro que dispensam pudores em evitar o maniqueísmo. Aqui, mocinho é mocinho e vilão é vilão. Não há dualidade. “Ou você imagina algum traço de bondade num sujeito que rouba velhinhos fraudando o INSS?”, questiona Ximenes.

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O autor trabalhou como colaborador de Gilberto Braga nas duas últimas novelas do veterano, “Insensato Coração” e “Paraíso Tropical”. A escola de Cláudia vem de outro autor do restrito time do horário nobre, Manoel Carlos, de quem foi colaboradora. Segundo os dois, Gilberto Braga é bastante minucioso na supervisão do texto, anotando tudo o que pode merecer qualquer tipo de observação. Não à toa, ele será homenageado no próprio enredo que supervisiona, por meio das personagens de Maria Clara Gueiros e Maria Padilha: as duas são inspiradas em Maria Clara (Malu Mader) e Laura Prudente da Costa, a Laura Cachorra (Cláudia Abreu), de “Celebridade”, novela de Gilberto de 2003. Como em 1903, a equivalência da fama desfrutada por Maria Clara e Laura estava não nas capas de revista, mas no teatro, as novas personagens têm o palco e a coxia como cenário, preservando a rivalidade, que aqui ganha tom mais bem-humorado.

O contexto da época é pano de fundo, mas a história compõe todos os cuidados da direção com cenografia, figurino e direção de arte. Para fugir das obras que dominam o Rio atual, ocupado em se preparar para Copa e Olimpíada, Dennis Carvalho foi gravar uma sequência de carnaval de rua em São Luís, no Maranhão, com cartazes de 1903 afixados em paredes que pudessem denunciar o cartão-postal atual. Também esteve em Petrópolis, onde foram registradas imagens para o início da novela. Traços de modernidade, como fiação elétrica e fachadas fora da ordem, serão gentilmente apagados pelo trabalho de computação gráfica.

(Com Agência Estado)

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