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John Cusack fala a VEJA: ‘Teorias conspiratórias são do campo da ficção’

Ator fala sobre como foi interpretar um vilão bilionário na série ‘Utopia’, da Amazon, suspeito de estar por trás da disseminação de um vírus letal

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 nov 2020, 13h04

Quem cravou na mente a imagem do ator John Cusack como o jovem desajustado de filmes dos anos 80, como Digam o que Quiserem (1989), ou de comédias e romances como o clássico Alta Fidelidade (2000) e o bobinho Escrito nas Estrelas (2001), terá uma surpresa ao vê-lo em Utopia, nova série da Amazon Prime Video. Na trama, o americano de 54 anos interpreta Kevin Christie, um bilionário da área de biotecnologia, que acaba na mira do governo dos Estados Unidos quando se torna suspeito de ter espalhado um vírus misterioso que tomou o país, causando uma pandemia. A infeliz coincidência com a pandemia da vida real – e sua trama repleta de teorias da conspiração – levou a série a arrebanhar controvérsias, rebatidas pelo ator. A VEJA, Cusack fala sobre o papel e seus receios diante de ideias utópicas.

 

Sua carreira é bem diversificada, fazer um vilão tão ambíguo foi desafiador? Na verdade, eu não o taxaria como um vilão. Eu o enxergo como um homem que de fato acorda todo dia 100% comprometido em criar um futuro melhor e mais sustentável para o planeta. E tamanha certeza vem de sua arrogância. Ele quer resolver o aquecimento global, a fome, os problemas das fontes de energia, busca o fim das guerras. Ele é um homem obsessivo, que quer algo bom, mas com métodos terríveis.

Bilionários filantropos se proliferaram no noticiário. Se inspirou em alguma figura da vida real? Foram muitas inspirações, pois existem hoje tantos ricaços da tecnologia. Antigamente os magnatas eram os Rockefellers e outras famílias do ramo do petróleo, da infraestrutura. Agora os poderosos são as pessoas envolvidas com tecnologia. Eu desconfio das intenções de muitos filantropos que aparecem na TV. É fácil encontrar bilionários que são sagazes, que contam com uma ótima equipe de marketing e que impregnam no mundo uma narrativa própria sobre como eles são pessoas boas, pensando no futuro do planeta. E esse discurso pode esconder a verdadeira motivação dessas pessoas.

Planejar a própria utopia seria, então, um problema. Sim. O problema não é o que o meu personagem defende, mas o perigo da ideia da utopia, que planeja uma sociedade perfeita. Isso não existe. Dependendo dos métodos, uma “utopia” pode culminar no darwinismo social, justificando cenários de racismo e de eugenia. Por isso não sou fã da ideia de utopia, ao mesmo tempo em que sei que vivemos hoje numa espécie de distopia. Precisamos de um equilíbrio.

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O mundo hoje vive um período em que teorias conspiratórias se tornaram perigosas, especialmente no que diz respeito a movimentos antivacinas. A série fala destes temas e chegou a causar polêmica nos Estados Unidos. Como avalia esse mote do roteiro? Teorias conspiratórias são do campo da ficção. Geralmente, nos filmes, o grande vilão é o governo, ou uma indústria, que estão escondendo algo, e um grupo de pessoas comuns enfrenta os poderosos. Utopia também tem esse formato. Mas nada mais é que ficção. No nosso caso, feito com muita ironia misturado ao suspense, e reviravoltas.

A série fala de um perigoso vírus e estreou em plena pandemia na vida real, o que gerou comparações. Como responde a isso? Os temas típicos de uma distopia são alegorias da realidade. O aquecimento global é real, por exemplo. Os Estados Unidos estão enfrentando terríveis queimadas. É algo que existe. Assim como pandemias e vírus. Claro, não imaginávamos que estávamos à beira de uma nova pandemia, foi uma virada da realidade que nos pegou de surpresa.

Há algo que pode ser tirado da série e aplicado na vida real? A experiência que tive no set, de estudar sobre doenças transmissíveis e usar uma roupa de proteção, tudo isso me fez pensar mais na importância da ciência. Da importância de usar máscaras hoje, por exemplo, de aumentar a higiene. Essa série também me fez pensar sobre o elemento capitalista na saúde, das grandes empresas que impõem patentes e tem controle sobre nossa saúde. Por situações assim que teorias conspiratórias ganham força. Por isso, o ideal é pesquisar e ler sobre fatos.

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