Quatrocentos anos após sua morte, em 18 de julho de 1610, o pintor Caravaggio movimenta a Itália. Desde o início do ano, o país convive com mostras e descobertas relacionadas ao artista, numa programação comemorativa que inclui até a exibição de seus restos mortais. Identificados com exames de DNA e carbono 14, os ossos de Michelangelo Merisi – nome de batismo do pintor, conhecido pela sua região de origem – podem ser vistos, este mês, na cidade de Porto Ercole, na Toscana. Onde, como lenda que se preze, ele morreu pobre, doente e cheio de inimigos.
Uma descoberta recente foi a de um possível quadro inédito de Caravaggio, noticiado pelo jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, neste sábado. Mas ainda são necessárias análises mais aprofundadas antes de atribuir ao artista a autoria de O Martírio de São Lourenço, em que um jovem seminu, com a boca aberta em sinal de desespero, se debruça sobre chamas.
Enquanto a tela não entra em exposição, os italianos vão aos museus conferir os quadros já conhecidos de Caravaggio. Em Florença, uma das cidades mais pujantes da Renascença, mais de cem obras do pintor estão reunidas até outubro na mostra Caravaggio e Caravaggeschi a Firenze, em cartaz desde maio na Galeria Uffizi. No Museu Capitolini, em Roma, a peça L’Esilio di un Uomo alla Ricerca di Dio recontará no palco, no dia 26, a história do pintor.
Ainda em Roma, é possível ver obras do mestre na Galleria Borghese, em cujo acervo o pintor tem considerável representatividade. Em conjunto com diversas igrejas romanas, a galeria estendeu seu horário de funcionamento no último fim de semana, quando se completaram quatro séculos sem Caravaggio.
Muito mistério cerca a vida e a morte desse que é um dos artistas mais estudados do mundo. Nascido em Milão, em 1571, ele mudou-se posteriormente para Roma, de onde teve de fugir após matar uma pessoa durante uma briga. E não só por isso o artista teve uma vida agitada: suas telas religiosas alimentaram polêmicas. Famoso pelo uso dramático da luz e pelo realismo impresso em quadros como Baco, Os Discípulos de Emaú e O Sacrifício de Isaac, Caravaggio é descrito no teatro, no cinema e na literatura como um dos homens mais atormentados da história. Uma das teorias a respeito de sua morte é que teria sido vítima de malária.
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