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‘Irmandade’, da Netflix: retrato desolador do nascimento de uma facção

Com série estrelada por Seu Jorge e Naruna Costa, a violência brasileira bandeia-se do cinema para os programas maratonáveis — e ganha novos tons

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 out 2019, 14h49 - Publicado em 18 out 2019, 06h00

Preso há vinte anos por porte de drogas, e com a pena prolongada por crimes na prisão, Edson (Seu Jorge) enfrenta novo julgamento. Denunciado como líder da organização Irmandade, ele diz à promotoria, calmamente: “Facção criminosa é o sistema, doutor”. O tom muda ao ser questionado se estava envolvido num homicídio: “Senhor juiz, o crime funciona assim: ‘cagueta’ morre”. A cena de Irmandade, série que chega à Netflix na sexta-feira 25, é de um didatismo atroz sobre o tema que pretende decupar: os mecanismos que levam ao nascimento de uma facção criminosa.

Ambientado em 1994, o programa de Pedro Morelli retrata uma associação de criminosos fictícia. Mas, ainda que o diretor negue as similaridades com o mundo real, vários aspectos remetem à facção criminosa paulista conhecida como PCC. Na ficção, como na realidade, a liga criminal surge em meio à escalada de violência no sistema carcerário. O código peculiar entre os bandidos da Irmandade repete normas como a condenação à morte sumária dos que traem o grupo e a proibição do crack dentro da prisão (para que seus soldados não virem zumbis — mas pó e maconha estão liberados).

Com Irmandade, a ficção brasileira que tematiza a violência, consagrada nos cinemas com os “favela movies” Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007), reencarna no formato das séries maratonáveis. No lugar dos morros cariocas, contudo, o cenário são as periferias e prisões paulistas. Sintonia, também da Netflix, observa sem julgamentos três jovens e os laços que unem o crime, o funk e a igreja evangélica. Pico da Neblina, da HBO, fala de um futuro hipotético em que a maconha é legalizada no país, mas a saga do rapaz que tenta em vão se desvencilhar do tráfico reflete o presente. Os dilemas morais de Irmandade ganham força na interpretação de Naruna Costa. Oriunda do teatro, a atriz brilha como Cristina, advogada e irmã do bandido Edson. Obrigada por um delegado a se infiltrar na facção, ela aos poucos vai sendo enredada na teia do crime. É um quadro desolador, mas que é melhor não ignorar.

Publicado em VEJA de 23 de outubro de 2019, edição nº 2657

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