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Indicado ao Oscar, ‘A Grande Aposta’ desafia americanos a rirem da crise

Filme retrata grupo de empresários que percebeu a vinda da recessão de 2008 e investiu contra a maré, a fim de lucrar com a tragédia econômica

Por Henrique Castro Barbosa
14 jan 2016, 12h25

Em chinês, a palavra weiji, que significa “crise”, é formada por dois ideogramas quando escrita: wei, que se refere a “perigo” e ji, relativo à palavra “oportunidade”, duas ideias opostas que andam lado a lado. Pode se dizer que é este o principal mote de A Grande Aposta, filme indicado ao Oscar, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira. A produção conta a história de alguns empresários que conseguiram prever a crise de 2008 anos antes que ela eclodisse nos Estados Unidos. A sacada fez com que eles investissem dinheiro contra o mercado imobiliário, apostando em sua falência a fim de lucrar. A ótica pouco usual sobre o período transforma um dos momentos mais tensos da história recente da economia americana em comédia.

A trama é dividida em três núcleos distintos, mas que se influenciam. O estranhão Michael Burry (Christian Bale) é o primeiro a perceber a eminente quebra do sistema e passa a fazer investimentos improváveis. Ao perceber a movimentação contra o mercado imobiliário, até então tido como uma fortaleza pelos americanos, o corretor Jared Vennett (Ryan Gosling) reconhece a oportunidade e começa a oferecê-la aos clientes. Claro que a maioria não aceita, considerando-a amalucada, afinal era 2005 – alguns anos antes da explosão da bolha. Um deles, entretanto, compra a ideia e entra na estratégia: Mark Baum (Steve Carell), um homem abalado por conta do suicídio de seu irmão. Já Charlie Geller (John Magaro) e Jamie Shipley (Finn Wittrock) acham as pesquisas de Vennett em uma pasta e também investem no plano, com a ajuda do experiente amigo de Wall Street: Ben Rickert (Brad Pitt).

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Todos eles são vistos como malucos, que não sabem o que estão fazendo, uma vez que o mercado imobiliário na época era tido como o alicerce mais seguro da economia americana. Porém, apoiados em dados concretos – como o do aumento das inadimplências em hipotecas -, os três grupos, paralelamente, continuam firmes no plano, esperando pacientemente pela crise, quando viria a esperada oportunidade de lucrar. Esse cenário é mostrado com descontração ao longo das mais de duas horas da produção.

Apesar de risível, o filme é denso e muitas vezes extremamente técnico. O cineasta Adam McKay (Tudo Por um Furo) lança mão de técnicas para deixar a trama mais palatável aos leigos no assunto. Em momentos complicados, a cena é cortada para uma celebridade, que explica com calma e didaticamente a situação. Caso da bela Margot Robbie em uma banheira de espuma, que conta aos espectadores sobre o funcionamento do mercado imobiliário. A cantora pop Selena Gomez também faz uma ponta em um cassino, exemplificando tipos de investimentos.

Outras vezes, legendas aparecem na tela com esclarecimentos, sempre com bom humor e comparações esdrúxulas com fatos da vida cotidiana. O diretor também se beneficia da quarta parede, quando o personagem abandona o que está acontecendo a sua volta e fala diretamente para a câmera, com o espectador. Gosling é o que mais utiliza o recurso.

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A mistura de linguagens é criativa e ajuda o longa a fluir com facilidade. Os entendidos de mercado financeiro não se sentirão subestimados, enquanto os leigos podem sair do cinema com um aprendizado. O maior trunfo do longa, entretanto, é por em prática a velha ideia motivacional de rir de si mesmo. Afinal, nada como superar um trauma com risadas.

O filme recebeu cinco indicações ao Oscar 2016, sendo elas: melhor filme; ator coadjuvante, pela atuação de Bale; diretor para McKay; roteiro adaptado, para McKay em conjunto com o roteirista Charles Randolph (Amor e Outras Drogas), e de melhor montagem.

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