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Gramado recebe com frieza primeiro longa de Reginaldo Faria em 27 anos

Diretor recebeu aplausos diplomáticos pela comédia romântica 'O Carteiro', e reclamou de falta de financiamento para o cinema

Por Carlos Helí de Almeida, de Gramado
12 ago 2011, 17h01

Em 2009, quando recebeu o troféu Oscarito por sua contribuição ao cinema, Reginaldo Faria aproveitou o palco do Festival de Gramado para discursar contra a política de distribuição de recursos públicos, que o impediam de continuar fazendo filmes. Naquele ano, o cinema brasileiro já vivia um bom momento, com filmes de grande sucesso de público como Cidade de Deus (2002), Se Eu Fosse Você 1 e 2 (2002 e 2006), Lisbela e o Prisioneiro (2003), Tropa de Elite (2007). Este ano, de volta à serra gaúcha à frente de O carteiro, seu primeiro longa-metragem como diretor em 27 anos, que encerrou a competição brasileira da 39ª edição do festival, na noite desta quinta-feira, dia 11, o ator e realizador voltou a reclamar da dificuldade de fazer cinema no país – apesar de o bom momento do cinema nacional ter continuado, com Tropa 2, Chico Xavier, Nosso Lar e outros.

“Passei um verão de Porto Alegre de terninho, batendo de porta em porta nos departamentos de marketing de empresas, para poder fazer o meu filme”, lembrou Faria, dono de uma longa carreira em novelas da TV e autor de títulos como Os paqueras (1969) e Barra pesada (1977), no final da manhã desta sexta-feira, 12. “Faço cinema desde os 19 anos de idade. Hoje estou com 74. É claro não me conformo com a idéia de levar anos para conseguir fazer um filme. Aquele discurso externou, sim, minha indignação com este estado de coisas”, disse o diretor, cujo último longa foi Aguenta, Coração, de 1984.

Depois dessa longa espera, O carteiro foi recebido com aplausos diplomáticos pela plateia. O filme é uma comédia de tom rasgado e farsesco sobre dois jovens carteiros de uma pequena vila da região serrana gaúcha e as estripulias que aprontam com os moradores do lugar. O centro da trama é Victor (Carlos André Faria, filho do diretor), jovem que tem o hábito de violar a correspondência dos moradores e, com a ajuda dela, interferir na vida dos moradores. A artimanha permanece anônima até o dia em que apaixona-se por Marli (Ana Carolina Machado), uma nova moradora, e tenta conquistá-la com a ajuda das cartas que a moça troca com o namorado.

Dois filhos no elenco – Coprotagonizado por Felipe de Paula, Ingra Liberato e Marcelo Faria (também filho do diretor), o filme tem, segundo seu diretor, influências de grandes nomes da comédia italiana, como Federico Fellini, Mario Monicelli e Vittorio De Sica. “Sempre fui apaixonado pelo cinema italiano, desde o neorrealismo. Há, sim, um pouco da influência desse tipo de cinema em O carteiro, de meu fascínio por essa linguagem europeia de fazer filmes”, elaborou Faria.

Co-produção – A programação da noite começou com Garcia, de Jose Luis Rugeles, uma coprodução entre o Brasil e a Colômbia que também envereda pela comédia, mas em um tom mais sóbrio e delicado. Descreve a existência medíocre de um casal da periferia da capital Bogotá; ele é Garcia (Damian Alcazar, um vigia de uma fábrica que tem poucas ambições na vida, ela é Amalia (Margarida Rosa de Franciso), uma mulher visivelmente frustrada com a pequenez do comportamento e das conquistas do marido.

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A situação toma rumo inesperado quando Amalia simula o próprio sequestro com o amante, e este exige que Garcia mate uma mulher em troca da vida da esposa. Desesperado, o pacato vigia recorre à ajuda de um colega de trabalho, um ex-policial de temperamento agressivo, que o conduz por uma tortuosa aventura. Os brasileiros Rui Rezende e Giulio Lopes fazem parte do elenco coadjuvante do filme, interpretando pai e filho, dois atrapalhados traficantes de drogas tentando fazer uns trocados na Colômbia.

“Originalmente, o roteiro era uma comédia desregrada. Na época, eu estava procurando por uma história de amor sobre o relacionamento entre homem e mulher, e acabei sugerindo ao roteirista Diego Vivanco um novo tratamento, que ressaltasse o drama afetivo, deixando o humor em segundo plano”, explicou Rugeles, satisfeito com a calorosa acolhida da platéia de Gramado.

A competição do 39º Festival de Gramado será encerrada na noite desta sexta-feira, dia 12, com a exibição de Jean Gentil, de Laura A. Guzmán, Israel Cárdenas e Laura Guzmán, da República Dominicana. Na sequência será exibido, fora de concurso, o brasileiro Sudoeste, de Eduardo Nunes, encerrando a programação de longas-metragens deste ano. Os vencedores dos Kikitos serão conhecidos na noite deste sábado, dia 13.

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